13/08/2024

A aluna Luana Prochazka, do programa de pós-graduação do Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA), conquistou o prêmio de melhor pôster na categoria estudante, durante o XX Congresso Internacional de Botânica (IBC), realizado de 21 a 27 de julho em Madri, Espanha. O trabalho premiado, intitulado “Evolução dos nectários extraflorais está associada com características das folhas e com a disponibilidade de água”, foi desenvolvido em colaboração com Suzana Alcantara, Juliana Gastaldello Rando e sob a orientação de Anselmo Nogueira.

O IBC é um dos eventos mais significativos da área e reúne pesquisadores de diversas partes do mundo para discutir os avanços, desafios e inovações na pesquisa botânica, promovendo um intercâmbio valioso de conhecimento e experiências.

A pesquisa apresentada investigou a evolução dos nectários extraflorais em plantas do gênero Chamaecrista, examinando a relação dessa evolução com a estrutura das folhas e a disponibilidade de água do ambiente. Nectários extraflorais, são pequenas glândulas que produzem néctar em diferentes partes das plantas, e no caso das Chamaecrista, produzem néctar principalmente no pecíolo das folhas. Esse néctar atrai formigas protetoras que comumente evitam ou diminuem o ataque de herbívoros nas plantas.

Planta da espécie Chamaecrista desvauxii. No detalhe, nectário extrafloral – Crédito da imagem: Bruna Campos

Os resultados indicaram que o tamanho dos nectários extraflorais e a estrutura das folhas, embora variem muito entre as espécies, evoluíram de forma correlacionada, com espécies de plantas com maior investimento na construção do tecido foliar (com maior LMA) evoluindo nectários extraflorais maiores, produzindo mais néctar e sendo mais atrativas para as formigas. Além disso, foi observado que a disponibilidade de água desempenha um papel crucial nos ambientes abertos sazonais: em ambientes mais secos dessas áreas a evolução de nectários extraflorais grandes não ocorre. Já em ambientes mais úmidos, onde a água é mais abundante no período chuvoso, plantas com nectários grandes e pequenos podem evoluir. Portanto, com maior disponibilidade de recursos no período chuvoso, a defesa biótica mediada pelas formigas contra herbívoros passou a ser uma resposta evolutiva possível em plantas de áreas abertas sazonais da América do Sul.

Segundo Luana, o trabalho apresentado representa um avanço no entendimento da evolução das estratégias de defesa biótica das plantas em relação aos herbívoros. “Apresentar meus resultados em uma conferência internacional e receber contribuições de outros pesquisadores é enriquecedor para o entendimento dos resultados e para o avanço na pesquisa. A participação em eventos como o IBC é de extrema importância, pois proporcionam uma plataforma para a disseminação do conhecimento científico, permitem o intercâmbio de ideias e métodos e promovem novas colaborações que podem impulsionar os estudos desenvolvidos no Brasil, especialmente aqueles focados no entendimento das nossas plantas nativas. Além disso, receber o reconhecimento pelo nosso trabalho reforça a relevância da pesquisa brasileira e incentiva a continuidade na busca por compreensões mais profundas das interações ecológicas e evolutivas das plantas”, relata.

Gotas de néctar em Chamaecrista debilis – Crédito da imagem: Luana Prochazka

O trabalho é parte da pesquisa de doutoramento desenvolvida por Luana, que conta com uma bolsa de doutorado direto financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Processo Fapesp nº 2021/01573-0), vinculada ao projeto de Jovem Pesquisador do orientador Anselmo Nogueira – UFABC (Processo Fapesp nº 2019/19544-7).

O Programa de Pós-graduação em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente do IPA aborda de forma multidisciplinar, estudos sobre plantas, fungos e ecossistemas, contribuindo para a formação de profissionais habilitados a atuarem na realização de pesquisas, avaliação de impactos ambientais, conservação e uso sustentável da biodiversidade, recuperação de ecossistemas, além de estudos voltados à biotecnologia.

Formiga consumindo néctar em Chamaecrista diphylla – Crédito da imagem: Luana Prochazka