12/08/2024

Neste dia 12 de agosto, o Parque Estadual das Fontes do Ipiranga (PEFI), comemora 55 anos. A unidade de conservação (UC), onde está localizada a unidade Jardim Botânico do Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA), na capital paulista, foi criada pelo decreto estadual nº 52.281, de 1969, que regulamentou o uso e delimitou a área até então conhecida como Parque da Água Funda ou Parque do Estado. Neste mesmo ano, a lei estadual nº 10.353, declarou os bosques e matas do parque como de preservação permanente, conforme o Código Florestal de 1965. A mudança da denominação, segundo o texto do decreto, induzia a tradicionalidade histórica e indicava maior e notório interesse turístico.

No entanto, a história do parque remonta ao final do século XIX. A lei estadual nº 62, de 1892, que autorizava o reforço do abastecimento de água em São Paulo, resultou na publicação do decreto estadual nº 204, de 1893, que declarou de utilidade pública os terrenos da Bacia do Ribeirão Ipiranga, pertencente à época a diversos proprietários. Segundo o texto do resumo executivo do plano de manejo do parque, publicado em 2008, “A área do PEFI pertence ao Estado desde 1895, quando as primeiras desapropriações de terra foram realizadas. Na época, a área foi destinada à função de abastecimento de água para a região sudeste de capital do Estado. Neste momento, a necessidade de proteção dos mananciais ficou em evidência diante de uma crise de abastecimento de água na capital.

Em 1928, o Serviço de Botânica e Agronomia do Instituto Biológico (que posteriormente daria origem ao Instituto de Botânica), passou a ter responsabilidade sobre a área e, sob a chefia de Frederico Carlos Hoehne, iniciou o processo de implantação de um Jardim Botânico, com a instalação de um orquidário a partir da aquisição de uma pequena coleção.

 

Interior de estufa em construção no ano de 1929

 

Em poucos anos, o parque se estabeleceu muito pelas mãos da elite cafeeira, preocupada com lazer, cultura e ciência. A partir da década de 1930 muitas transformações foram desencadeadas, a metrópole se consolidou, e avançou em direção à área do PEFI.

Em 1941, Hoehne, reconhecendo a importância histórica do local e a sua vocação para as ciências naturais, declarou que “O lugar tem a sua aréola histórica o fato que é a cabeceira do ribeiro Ipiranga, em cujas margens, dois ou três quilômetros mais abaixo, o brasileiro, em 7 de setembro de 1822, ouviu o ‘brado retumbante’ que definiu a atitude de D. Pedro I, em relação ao domínio português, de que adveio a nossa emancipação política. Ele tem ainda os documentos topográficos e a flora que Martim Affonso de Souza, no começo do século XVI, percorreu ao chegar do litoral de S. Vicente, depois de haver atravessado o contraforte da Serra do Mar, para conhecer a aldeia de Piratininga, de que já falamos mais atrás. Como o Morro do Jaraguá, o atual Parque do Estado, onde fica o nosso Jardim Botânico, é um marco histórico que precisa ser conservado e que de fato será mantido em suas condições naturais, mesmo servindo para o fim a que se destina.

Ao longo dos anos, além do Jardim Botânico e do Instituto de Botânica (atual IPA), diversas instituições foram ocupando parte da área do parque, como o Instituto Astronômico e Geofísico (transferido posteriormente para a USP), a Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado e o Instituto Geológico – também transferidos para outros locais, o Hospital Psiquiátrico – atualmente Centro de Atenção Integrada à Saúde Mental, o Zoológico de São Paulo, o Parque de Ciência e Tecnologia da USP, o Batalhão da Polícia Ambiental do Estado, entre outras instituições.

O PEFI tornou-se espaço de ciência e tecnologia, de lazer, de cultura, de saúde, de esportes e continua exercendo seu principal papel: a preservação ambiental. O parque é um “oásis” verde na malha urbana de São Paulo, completamente cercado pela cidade, abriga um importante fragmento de Mata Atlântica e uma rica fauna silvestre, incluindo espécies ameaçadas de extinção. Suas matas abrigam cerca de 20 nascentes. O parque contribui ainda para o controle das cheias do vale do Riacho do Ipiranga, uma vez que suas áreas possibilitam a retenção e infiltração das águas da chuva.

De acordo com o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), instituído no ano 2000, o PEFI é uma UC de Proteção Integral que tem como objetivo básico a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, permitindo a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico.

Desde 2021, a gestão da área é de responsabilidade da Coordenadoria de Parques Urbanos da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil) do estado de São Paulo.

 

Publicação do diário oficial do estado de São Paulo de 15 de setembro de 1893