28/08/2024

Pesquisa publicada em periódico científico do Instituto de Pesquisa Ambientais (IPA) analisou a trajetória da educação ambiental no Museu Florestal “Octávio Vecchi” ao longo de décadas. No trabalho, foi realizada análise de documentos históricos por uma aluna de iniciação científica da instituição. O estudo mostra que, já em seus primeiros anos, o Museu realizava atividades com escolas e com a comunidade do entorno, além de atuar com pioneirismo em relação ao uso da fotografia e do cinema para fins didáticos.

O Museu Florestal está localizado dentro de uma unidade de conservação da natureza, o Parque Estadual Alberto Löfgren (PEAL), na zona norte da capital paulista. O espaço foi inaugurado em 1931. Pertencia ao então Serviço Florestal do estado de São Paulo, que em 1970 se tornou o antigo Instituto Florestal (IF) e em 2021 passou a integrar o atual IPA.

A pesquisa foi realizada por meio de uma análise documental das fontes primárias do acervo da biblioteca do IF e do acervo do Museu. Com foco na questão educativa, foram analisados 75 documentos datados entre os anos de 1928 a 2019.

Merecem destaques as atividades realizadas no Museu durante as primeiras décadas. Em seus primeiros anos de funcionamento, eram oferecidas aulas de botânica para as escolas. “Na década de 1940, a exibição de filmes educativos e de fotografias de plantas complementavam as atividades oferecidas aos visitantes, sendo o museu um espaço frequentado por públicos variados, como turistas nacionais e estrangeiros, comerciantes, lavradores e grupos de todos os níveis escolares. As fotografias serviam como apoio para as demonstrações práticas no campo e eram utilizadas em exposições. Os filmes exibidos eram sobre temas relacionados ao meio ambiente, botânica, silvicultura, geografia, agricultura e pecuária. Neste período, havia palestras sobre botânica, reflorestamento, tipos de sementes, economia florestal e indústria de celulose. Segundo os documentos analisados, a intenção do museu era a colaboração com as demais atividades do Serviço Florestal, bem como a conscientização e o estudo sobre a questão florestal.” Já nos anos 1950, houve aumento nas visitas escolares. As atividades educacionais consistiam em exposições, amostras de filmes com temas relacionados às florestas e à botânica, e terminavam com um passeio na Serra da Cantareira. Realizaram-se conferências, que se estenderam pela década de 1960. Os eventos com debates sobre silvicultura, madeira e botânica cresceram. Nos documentos desse período não é mencionado o termo “educação ambiental”, que foi difundido apenas na década de 1970.

Em 2021, o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat) abriu processo para tombamento do acervo do Museu. No primeiro semestre de 2022, o Museu, junto ao PEAL, foi concedido à iniciativa privada. Em 19 de setembro 2022, o Conselho aprovou o tombamento do acervo museológico. As autoras da pesquisa sugerem a realização de novos estudos sobre as atividades educativas no museu após a concessão.

O trabalho é resultado da pesquisa de iniciação científica de Simone di Pietro, bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica do IPA. O artigo científico foi publicado em julho na Revista do Instituto Florestal, um dos periódicos científicos do IPA.