
15/07/2024
Foto: Primeiro registro de furão-pequeno no P. E Campos do Jordão / Crédito: Arquivo pesquisadores
Nesta sexta-feira, 12 de julho, a agência de notícias Bori divulgou estudo realizado por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e publicado em periódico científico do Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA) que traz registros inéditos de 30 espécies de mamíferos no Parque Estadual de Campos do Jordão, dentre elas o furão-pequeno que nunca antes havia sido mencionado em levantamentos anteriores. Das espécies nativas registradas, 30% estão ameaçadas de extinção, entre elas, o lobo-guará e o gato maracajá. A pesquisa também indica que a presença frequente de pacas na Unidade de Conservação pode indicar sucesso de ações de fiscalização ambiental.
O artigo científico “Mamíferos de médio e grande porte do Parque Estadual de Campos do Jordão, São Paulo, Brasil” está disponível no volume 26 da Revista do Instituto Florestal.
Veja abaixo o texto completo da matéria publicada na página da Bori:
Foto inédita: furão-pequeno é flagrado pela primeira vez em unidade de conservação ambiental, em São Paulo
Um registro inédito captou a presença do furão-pequeno no Parque Estadual Campos do Jordão, no estado de São Paulo. Com a técnica de armadilhas fotográficas, a espécie, também conhecida como Galictis cuja, foi flagrada pela primeira vez na unidade de conservação, localizada na Serra da Mantiqueira, já que ainda não havia sido mencionada em levantamento anteriores. A descrição do registro dessa e de outras espécies na região está em artigo de pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), publicado na sexta (12) na “Revista do Instituto Florestal”.
Típico da América do Sul, o furão tem porte pequeno, corpo alongado coberto de pelos e é ágil, o que faz com que seja difícil detectá-lo na floresta. Além dele, o estudo também fotografou outros mamíferos de médio e grande porte em risco de extinção, como o lobo-guará, o gato maracajá e a queixada, uma espécie de porco selvagem sul-americano.
O mapeamento conta com quase 900 registros feitos de maio de 2021 a abril de 2023, com a instalação de armadilhas fotográficas, em 34 pontos de amostragem no Parque Estadual Campos do Jordão. No total, foram localizadas 30 espécies, sendo 26 nativas e 4 exóticas, que são aquelas que ocorrem fora da sua área normal de distribuição, no caso específico, cachorro doméstico, javali, gado e cavalo. Cerca de 30% das espécies nativas encontradas estão ameaçadas de extinção.
Criado em 1941, o Parque Estadual Campos do Jordão compõe a Mata Atlântica, com uma ampla biodiversidade. O bioma, entretanto, tem apenas 12,4% da cobertura vegetal original, segundo a SOS Mata Atlântica, e está ameaçado com desmatamento e alterações ambientais decorrentes de ações agropecuárias e de urbanização. De acordo com o estudo, por estar em região de declive e altitude elevada, o parque abriga diversas espécies de mamíferos, considerados fundamentais para o ecossistema, com a função de dispersão de sementes de plantas lenhosas, por exemplo.
Para a autora do estudo, Rhayssa Terra, devido à altitude do parque, o local pode ser considerado um refúgio menos quente para diversas espécies, o que pode ser importante diante das mudanças climáticas. Além da surpresa do furão-pequeno nos registros fotográficos, a pesquisadora também destaca possíveis resultados de ações de preservação.
“Registrar espécies frequentemente caçadas, como a paca, que teve 216 indivíduos registrados, é sinal de que as ações de fiscalização estão sendo bem-sucedidas”. Além disso, ela comemora o registro de cinco espécies de felídeos, entre elas, a jaguatirica e a onça parda. “É bom sinal, pois tal conjunto completo indica uma boa qualidade ambiental.”
Antes desse trabalho, as espécies do Parque Estadual de Campos do Jordão haviam sido registradas a partir de entrevistas e dados secundários, no Plano de Manejo de 2015. Animais como o cachorro-vinagre, que constava a partir de relatos, não apresentou vestígios na região neste novo estudo. Assim como a ariranha, registrada pela última vez em 1975, e que é considerada regionalmente extinta.
Terra destaca a importância deste artigo que contém dados sobre espécies ameaçadas, como os pequenos felídeos pintados. “Entender quais espécies ocorrem em um parque com alta demanda turística pode contribuir para conscientizar seus visitantes, sobre a importância de preservar essa fauna tão rica’”, diz.
Fonte: Agência Bori
Até o momento, a matéria já foi replicada no blog Gizmodo e no portal da revista VEJA.
Parceria para divulgação de ciência brasileira
O IPA herdou do Instituto Florestal a parceria com a Bori, que surgiu como resultado de uma articulação entre editores de Revista do Instituto Florestal e a Associação Brasileira de Editores Científicos (ABEC). A agência de notícias constrói uma ponte entre os meios de comunicação e as pesquisas científicas realizadas no Brasil, por brasileiros e publicadas em periódicos científicos nacionais. A equipe da Bori avalia os artigos científicos, seleciona os mais relevantes, prepara matérias e as envia para centenas de jornalistas cadastrados, alcançando desde profissionais autônomos até aqueles que atuam em grandes mídias.
Desde o final de 2021, a Bori produziu 13 matérias jornalísticas sobre pesquisas publicadas na Revista do Instituto Florestal. Até o momento, foram realizadas divulgações de artigos de autoria tanto de pesquisadores do IPA quanto de outras instituições, como a Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), a Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, da Universidade de São Paulo (ESALQ/USP), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a Universidade Federal do Acre (Ufac), a Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRJ), a Universidade de Cuiabá, no Mato Grosso, a Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), no Rio Grande do Norte, a Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI), em Minas Gerais, e a Universidade Estadual do Paraná (Unespar).
Segue abaixo o histórico das divulgações das pesquisas publicadas na revista do IPA realizadas pela Agência Bori:
Estudo identifica aptidão da jurema-preta para uso em pisos de madeira (6/12/2021)
Com grande volume de água, bacias de Cunha (SP) são importante manancial da Mata Atlântica (30/03/2022)
Cultivo de eucalipto protege matas e contribui para preservação da biodiversidade em florestas (11/05/2022)
Dezoito espécies de aves são vistas pela primeira vez em matas de brejo no interior de SP (30/06/2022)
Esterco de aves é o que mais reduz acidez de solo e favorece plantações no Cerrado, aponta estudo (12/09/2022)
Um terço das Áreas de Preservação Permanente em São Luiz do Paraitinga (SP) estão suscetíveis a inundações (16/12/2022)
Árvore usada na restauração do Cerrado se torna mais fértil com adição de calcário e fósforo (30/04/2023)
Desmatamento do interior paulista provocou desaparecimento de 80 espécies de aves (22/05/2023)
Uma em cada dez espécies de árvores da Serra de Paranapiacaba está em risco de extinção (30/06/2023)
Uso de casca de coco melhora cultivo de bromélias e pode reduzir o extrativismo predatório (4/12/2023)
Ao menos 86% das espécies nativas de animais vertebrados do estado de SP estão em unidades de proteção (18/12/2023)
Óleos naturais como o de açaí têm potencial para preservar madeiras amazônicas usadas no setor moveleiro (3/05/2024)
Foto inédita: furão-pequeno é flagrado pela primeira vez em unidade de conservação ambiental, em São Paulo (12/07/2024)
A submissão de artigos para a Revista do Instituto Florestal mudou
A Revista do Instituto Florestal é uma revista de acesso aberto e agora está na plataforma Open Journal Systems – OJS, com suporte da Lepidus Tecnologia. A submissão dos artigos e a tramitação agora se dará de forma eletrônica. Para saber mais, acesse o link: https://rif.emnuvens.com.br/revista/about/submissions. A plataforma também hospeda toda a coleção dos artigos da Revista, oferecendo mecanismos de busca e possibilitando downloads gratuitos, melhorando o acesso tanto para o corpo de cientistas, técnicos e alunos do IPA, quanto para o público externo, tornando os artigos mais acessíveis à sociedade de uma forma geral.
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