
07/06/2024
No dia 23 de maio, o Sindicato Rural de Cruzeiro e Lavrinhas promoveu o I Workshop sobre Produção de Mudas de Espécies Nativas do Estado de São Paulo. O evento reuniu especialistas renomados para discutir os desafios e as oportunidades no setor, contou com três palestrantes do Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA) e teve a participação de viveiristas do Vale do Paraíba e região.
O Workshop, realizado no município de Cruzeiro (SP), teve como objetivo principal debater a atual situação da produção de mudas de espécies nativas, identificar dificuldades e lacunas na cadeia de produção, além de orientar políticas públicas e ações no âmbito do Programa Refloresta, da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil) do estado de São Paulo. O Refloresta apoia e fomenta a mudança e uso do solo com foco em áreas de pastagens de baixa aptidão agrícola, promovendo ganhos ambientais e econômicos. A meta do Programa é atingir 1,5 milhões de hectares de áreas restauradas até 2050.
Entre os palestrantes do evento estavam o pesquisador científico Luiz Mauro Barbosa e os técnicos Fernando Cirilo de Lima e Márcia Regina Ângelo, do IPA, Renato Lorza, da Fundação Florestal, e outros parceiros do Sindicato. Os especialistas reunidos compartilharam seus conhecimentos e experiências, abordando temas importantes para a sustentabilidade e o desenvolvimento do setor. Nas discussões, destacou-se a importância de políticas públicas eficazes, a necessidade de suporte integral aos viveiristas e a aplicação de um questionário específico para coletar informações valiosas diretamente dos produtores da região. Essas informações são essenciais para a elaboração de estratégias que visam fortalecer a cadeia produtiva e promover a conservação das espécies nativas.
No contexto da mitigação de mudanças climáticas, projetos de crédito de carbono frequentemente envolvem o reflorestamento e a recuperação de áreas degradadas, podendo impulsionar a demanda para os viveiros. “Grandes empresas estão vindo de outras regiões do Brasil comprar mudas, contratar trabalho aqui. Isso favorece os pequenos produtores”, relata Márcia. Alguns exemplos de empresas já envolvidas são a Mombak, a Biomas (Grupo Suzano) e a Re.gren. “Esses projetos contribuem para o mercado de créditos de carbono, proporcionando uma fonte de receita sustentável para a continuidade das atividades de restauração”, complementa Luiz Mauro.
Em termos de financiamento e investimento, fundos oriundos desses projetos podem ser utilizados pelos viveiros para expandir suas operações, melhorar a qualidade das mudas e aumentar a diversidade de espécies ofertadas. Ao associar o valor econômico ao plantio de espécies nativas através dos créditos de carbono, os viveiros podem estimular mais empreendedores a investir na produção de mudas nativas. Isso ajuda na conservação da biodiversidade local e pode atrair mais investidores interessados em sustentabilidade. O pesquisador do IPA entende ainda que governos que apoiam o mercado de créditos de carbono podem criar políticas e subsídios para incentivar o uso de espécies nativas em projetos de sequestro de carbono. Isso pode incluir incentivos financeiros diretos para viveiros que produzem essas mudas.
O evento foi coordenado pelo presidente do Sindicato, Wander Bastos, e é um marco significativo para o setor, proporcionando uma plataforma de diálogo e troca de conhecimentos que beneficiará não apenas aos viveiristas, mas também à preservação ambiental e à biodiversidade paulista.
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