
29/05/2024
No dia 27 de maio, foi inaugurado um viveiro com o objetivo de produzir mudas de espécies arbóreas exóticas de rápido crescimento com material genético melhorado. A estrutura foi instalada na Floresta Estadual de Pederneiras, Unidade de Conservação de Uso Sustentável do estado de São Paulo. O evento contou com a participação de Jonatas Trindade, subsecretário de Meio Ambiente da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil).
O Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA) é o responsável pelas pesquisas e reprodução de espécies no local, com foco em soluções para os desafios das mudanças climáticas. “Os estudos pretendem desenvolver mudas mais adaptadas a diferentes regiões, resistentes à seca, às altas temperaturas, doenças e pragas”, explica o diretor do Departamento de Tecnologia e Inovação da instituição, Emerson da Silva.
A iniciativa faz parte do “Projeto Melhoramento e Conservação de Germoplasma Arbóreo de Rápido Crescimento”, desenvolvido pelo Instituto em parceria com a Fundação de Desenvolvimento e Pesquisa do Agronegócio (Fundepag) e a empresa Helmut Schuckar.
O projeto está em andamento desde 2022 e visa aprimorar a produção de material genético de espécies arbóreas como pinus, eucaliptos e corymbia. “Esse material é destinado principalmente à produção de resina de pinus, que tem ampla aplicação em cosméticos, fármacos, alimentos, produtos de limpeza, construção civil, entre outros produtos, além da madeira”, explica Miguel Freitas, pesquisador científico do IPA.
Nesta fase do projeto, o principal objetivo é intensificar a produção de material genético melhorado, utilizando técnicas avançadas como a seleção de indivíduos superiores, polinização controlada, coleta de sementes florestais e um programa de enxertia. Essas tecnologias são essenciais para garantir a qualidade e a sustentabilidade das mudas produzidas.
Além dos impactos científico e ambiental, o projeto também traz benefícios econômicos significativos para a região e para São Paulo, com empresas de outros estados já demonstrando interesse em adquirir as mudas produzidas, o que pode gerar emprego e movimentar a economia da região. “Até o momento, cinco trabalhadores locais foram contratados diretamente e a expectativa é que o número cresça com a expansão do projeto”, sinaliza o pesquisador científico José Arimatéia Machado, também do IPA.
Atualmente, o viveiro ocupa cerca de um hectare e tem capacidade para produzir um milhão de mudas por ano, podendo ser expandido para atender à demanda crescente. A estrutura inclui casa de vegetação climatizada, área para preparo das mudas e área de rustificação das mudas, além de espaço para armazenamento de sementes.
A produção do viveiro será acessível a produtores interessados na produção florestal, sejam pessoas físicas ou jurídicas. Atualmente, o Brasil é o segundo maior produtor mundial de resina de pinus, exportando grande parte de sua produção, especialmente para a Europa e, consequentemente, para a Ásia e América do Norte. “Nosso mercado maior é a Europa, de onde os produtos são distribuídos globalmente”, acrescenta Machado.
O viveiro entra em operação e já está comercializando mudas para algumas empresas. “O projeto representa um avanço significativo para a produção florestal em São Paulo, combinando inovação genética com sustentabilidade ambiental. Com a inauguração e o apoio de diversas instituições, esperamos que o viveiro contribua significativamente para o fortalecimento do setor florestal brasileiro”, conclui Freitas.
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