
15/05/2024
Foto: Imagem de Pexels por Pixabay
No início deste mês de maio, o Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA) abriu o volume 36 da Revista do Instituto Florestal, um dos periódicos científicos da instituição. A revista agora é publicada em fluxo contínuo e os três primeiros artigos desta edição já estão disponíveis ao público.
O primeiro artigo traz estudo em que pesquisadores científicos do IPA e uma técnica da Fundação Florestal avaliaram a retenção da água da chuva ao nível das copas das árvores em uma área reflorestada há cerca de 70 anos de idade na Estação Experimental de Tupi, em Piracicaba/SP. Ao longo de um ano, todos os eventos de precipitação foram registrados com pluviômetros. Foram realizadas 60 coletas de chuva, totalizando 1.522 mm de precipitação. Em média, 15,3% da precipitação total foi interceptada pela floresta. Os resultados mostram que após sete décadas de restauração da vegetação, o processo hidrológico de compartimentação das chuvas apresenta valores compatíveis com os encontrados em florestas estacionais semidecíduas.
Em outra pesquisa publicada na revista realizada por pesquisadores do IPA, foi avaliada a densidade e as dimensões celulares da madeira de clones de eucalipto com idade de 4 anos. O estudo visa à seleção dos melhores materiais para a produção de papel e celulose.
A presente edição do periódico traz ainda artigo científico de autoria de profissionais das universidades federais do Acre e do Sul da Bahia. Nesta pesquisa, foi avaliada a utilização de óleos naturais de açaí, buriti, dendê, murmuru e patoá como preservantes de madeiras de espécies amplamente utilizadas na região da Amazônia e que apresentam ataques de agentes xilófagos. O estudo foi divulgado no site da Agência Bori.
Parceria para divulgação de ciência brasileira
O IPA herdou do Instituto Florestal a parceria com a Bori, que surgiu como resultado de uma articulação entre editores de Revista do Instituto Florestal e a Associação Brasileira de Editores Científicos (ABEC). A agência de notícias constrói uma ponte entre os meios de comunicação e as pesquisas científicas realizadas no Brasil, por brasileiros e publicadas em periódicos científicos nacionais. A equipe da Bori avalia os artigos científicos, seleciona os mais relevantes, prepara matérias e as envia para centenas de jornalistas cadastrados, alcançando desde profissionais autônomos até aqueles que atuam em grandes mídias.
Veja abaixo o texto completo da matéria publicada pela Bori sobre a pesquisa “Óleos naturais no tratamento preservativo de cinco espécies de madeiras amazônicas”:
Óleos naturais como o de açaí têm potencial para preservar madeiras amazônicas usadas no setor moveleiro
Óleos naturais podem ser importantes aliados para a conservação de madeiras expostas à ação de bactérias e insetos, segundo aponta pesquisa da Universidade Federal do Acre (Ufac), em parceria com a Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB). Em experimento, os óleos de açaí, buriti, dendê, murumuru e patoá se mostraram eficientes na redução de perda de massa de espécies de madeiras da Amazônia comumente usadas pelo setor moveleiro. Os resultados estão descritos em artigo publicado na sexta (10) na “Revista do Instituto Florestal”.
A exploração legal da madeira amazônica é uma das principais atividades econômicas da região, com destaque para a indústria de móveis. Diante dos desafios para conservar e aumentar a durabilidade do material, que é suscetível às intempéries e também aos agentes da natureza, a pesquisa buscou responder o grau de atuação dos óleos naturais no tratamento preservativo das madeiras. A ideia era testar alternativas viáveis e menos nocivas ao ambiente, já que atualmente os produtos preservantes mais utilizados são sintéticos, considerados tóxicos e nocivos à saúde humana e de animais.
Os pesquisadores testaram a resposta das espécies de madeira amarelinho (Aspidosperma macrocarpon), tauari (Couratari oblongifolia), gitó (Guarea kunthiana), faveira (Parkia multijuga) e marupá (Simarouba amara) ao tratamento por pincelamento com cinco óleos naturais ao longo de cerca de nove meses. As 60 amostras, incluindo as sem tratamento, usadas como controle, foram expostas às intempéries comuns do clima quente e úmido do Parque Zoobotânico da Ufac, localizado no município de Rio Branco. O trabalho não analisou a eficiência dos óleos naturais em relação a óleos sintéticos, já disponíveis no mercado.
Como resultado do experimento, verificou-se que a peroba-branca foi a que menos perdeu massa, e a faveira foi a mais impactada. Em relação aos óleos naturais, no geral, o de açaí, murmuru e patoá foram mais eficazes na preservação das madeiras. O desafio ainda é desenvolver uma ação direta contra os fungos manchadores e emboloradores, conhecidos como agentes degradadores da madeira, já que os óleos testados no estudo não alcançaram resultados consideráveis de proteção.
Para Mara Lúcia Valle, pesquisadora da UFSB e autora do estudo, os produtos naturais têm se tornado promissores na preservação das madeiras e devem ser estudados. “Nós temos uma infinidade de produtos que podem ser extraídos da natureza e utilizados gerando baixo impacto ao ambiente. Precisamos de incentivo para realizar pesquisas com produtos naturais para achar soluções de preservação da madeira’’, destaca. O trabalho salienta, no entanto, que a aplicação desses produtos precisa levar em conta a disponibilidade e o custo dos óleos, além da sua eficácia em intervalos de tempo maiores que os nove meses do experimento.
Valle destaca ainda que, além da sustentabilidade, estudos como esse podem ter reflexo na economia local. ‘’Em prévio estudo, verificamos que o setor madeireiro ainda enfrenta dificuldades para tornar seus produtos competitivos especialmente pela falta de conhecimento técnico-científico sobre o tratamento sustentável das madeiras, tendo em vista que algumas delas são por vezes subutilizadas, em virtude de algumas características indesejáveis, como a baixa resistência e durabilidade’’, diz.
A autora afirma, ainda, que outras metodologias para aprimorar a utilização dos óleos naturais para a preservação da madeira estão sendo testadas, além da técnica do pincelamento dos óleos utilizada nas amostras. Os resultados devem ser publicados posteriormente.
Fonte: Agência Bori
A Bori já produziu 12 matérias jornalísticas sobre pesquisas publicadas na Revista do Instituto florestal. Até o momento, foram realizadas divulgações de artigos de autoria tanto de pesquisadores do IPA quanto de outras instituições, como a Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), a Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, da Universidade de São Paulo (ESALQ/USP), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a Universidade Federal do Acre (Ufac), a Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRJ), a Universidade de Cuiabá, no Mato Grosso, a Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), no Rio Grande do Norte, a Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI), em Minas Gerais, e a Universidade Estadual do Paraná (Unespar).
Confira abaixo uma lista de todas as divulgações de pesquisas publicadas na revista do IPA realizadas pela Agência Bori:
Estudo identifica aptidão da jurema-preta para uso em pisos de madeira (6/12/2021)
Com grande volume de água, bacias de Cunha (SP) são importante manancial da Mata Atlântica (30/03/2022)
Cultivo de eucalipto protege matas e contribui para preservação da biodiversidade em florestas (11/05/2022)
Dezoito espécies de aves são vistas pela primeira vez em matas de brejo no interior de SP (30/06/2022)
Esterco de aves é o que mais reduz acidez de solo e favorece plantações no Cerrado, aponta estudo (12/09/2022)
Um terço das Áreas de Preservação Permanente em São Luiz do Paraitinga (SP) estão suscetíveis a inundações (16/12/2022)
Árvore usada na restauração do Cerrado se torna mais fértil com adição de calcário e fósforo (30/04/2023)
Desmatamento do interior paulista provocou desaparecimento de 80 espécies de aves (22/05/2023)
Uma em cada dez espécies de árvores da Serra de Paranapiacaba está em risco de extinção (30/06/2023)
Uso de casca de coco melhora cultivo de bromélias e pode reduzir o extrativismo predatório (4/12/2023)
Ao menos 86% das espécies nativas de animais vertebrados do estado de SP estão em unidades de proteção (18/12/2023)
Óleos naturais como o de açaí têm potencial para preservar madeiras amazônicas usadas no setor moveleiro (3/05/2024)
A submissão de artigos para a Revista do Instituto Florestal mudou
A Revista do Instituto Florestal é uma revista de acesso aberto e agora está na plataforma Open Journal Systems – OJS, com suporte da Lepidus Tecnologia. A submissão dos artigos e a tramitação agora se dá de forma eletrônica. Para saber mais, acesse o link: https://rif.emnuvens.com.br/revista/about/submissions. A plataforma também hospeda toda a coleção dos artigos da Revista, oferecendo mecanismos de busca e possibilitando downloads gratuitos, melhorando o acesso tanto para o corpo de cientistas, técnicos e alunos do IPA, quanto para o público externo, tornando os artigos mais acessíveis à sociedade de uma forma geral.
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