
02/04/2024
No dia 22 de março, o Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA) ofereceu palestra sobre briófitas e jardinagem, ministrada pela pesquisadora científica Sandra Regina Visnadi.
As briófitas são em geral plantas pequenas em geral. Os musgos são as briófitas mais populares, mas há também as hepáticas e os antóceros. São majoritariamente plantas terrestres, sendo que algumas são aquáticas. Não se desenvolvem em água salobra ou marinha.
Segundo a pesquisadora, as briófitas não têm importância econômica, mas são relevantes para o meio ambiente. Ajudam na prevenção de inundações, na conservação da umidade e na prevenção de secas. Também previnem o assoreamento de rios e a erosão do solo. Não são invasoras ao ponto de suplantarem outros tipos de vegetação e, ao contrário, servem de substrato para outras plantas e fungos. Além disso, protegem raízes e brotos de outras plantas contra geadas e ventos.
Em relação ao visual, a palestrante afirmou que as rochas ficam mais bonitas com briófitas. Mas ela brincou ao dizer que não recomenda que as pessoas se deitem sobre o tapete verde, pois elas também servem de abrigo para insetos, minhocas e vermes.
Briófitas são populares com alternativa para a cobertura de chão e cobertura de grama. Não comprometem estruturas urbanas, como alvenaria, e não competem com a grama (pois buscam condições opostas pra se desenvolver). Ocupam substratos nus, onde outras plantas não germinariam.
Os parques urbanos tendem a ser os locais que mais favorecem a riqueza de briófitas em áreas construídas. A palestrante comentou que esse grupo de plantas constitui ótimos bioindicadores de qualidade ambiental e, desde 2019, integra o índice Biosampa, documento que apresenta os indicadores de biodiversidade da cidade de São Paulo e tem como objetivo a construção de uma cidade sustentável frente às mudanças climáticas.
Durante sua fala, Sandra revelou resultados de pesquisas realizadas em diversos parques da cidade de São Paulo que são realizados para compreender como as briófitas se distribuem nesses espaços verdes. A pesquisadora mostrou os fatores que podem influenciar na riqueza de briófitas, como a umidade, se vegetação é densa ou esparsa, qual o índice de cobertura vegetal do entorno, entre outros. Ela explicou que áreas maiores têm mais espaço para acúmulos de espécies e áreas mais antigas, mais tempo para o acúmulo de espécies. Dentre os lugares estudados, vale destacar o Parque Estadual Fontes do Ipiranga, onde está localizada a unidade Jardim Botânico do IPA, que possui uma riqueza de 266 espécies de briófitas.
Ao final, a pesquisadora apresentou algumas técnicas práticas de como cultivar as briófitas. “Uma das razões para usar as briófitas na jardinagem é a extensão das áreas verdes, pois embelezam até os menores espaços disponíveis”, explicou. Ela defendeu que a jardinagem seja vista como uma recuperação de área, pois é preciso respeitar as condições naturais da área. “A paisagem mais bonita é a mais próxima da natural”, concluiu Sandra.
O evento foi realizado em ambiente online, teve a participação de 35 inscritos e aconteceu em comemoração ao Dia Mundial da Água. Foi o quarto de uma série de encontros que o IPA vem promovendo em datas relacionadas às pautas científica e ambiental. No dia 22 de fevereiro foi realizada palestra sobre briófitas destacando a importância da teoria evolutiva para compreender a origem e a dinâmica da biodiversidade, em celebração ao Darwin Day 2024, e em 1º de março sobre a importância das Unidades de Conservação para a proteção da natureza, marcando o Dia Mundial da Vida Selvagem. No dia 14 de março foi realizada palestra sobre os rios e as mudanças climáticas, pelo Dia Internacional de Ação pelos Rios.
Assista à palestra no YouTube do IPA:
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