
14/03/2024
Foto: Estação Experimental de Tupi, em Piracicaba/SP / Crédito: Maria Luísa Palmieri
Nesta quinta-feira, 14 de março, o Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA) realizou a palestra “Os rios e as mudanças climáticas: o que temos a ver com isso?”, ministrada por Maria Luísa Palmieri, especialista ambiental da instituição. A palestra aconteceu em celebração ao “Dia Internacional de Ação pelos Rios”. O evento aconteceu em ambiente online e teve a participação de mais de 60 pessoas.
A palestrante mostrou como as civilizações antigas se formaram no entorno de rios e em seguida provocou o questionamento do porquê demos as costas a eles enquanto sociedade. Apresentou o conceito de bacias hidrográficas e falou sobre a importante atuação dos comitês de bacias hidrográficas para a proteção ambiental. Entrando mais especificamente na temática do clima, trouxe dados do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) que indicam que o aquecimento global representa riscos à saúde humana, causa a perda de biodiversidade, aumenta os incêndios, eleva o nível do mar, entre outros impactos. “Os rios são como espelhos de nossas ações em relação às mudanças climáticas. Eles mostram o que está acontecendo no planeta. Neles, é possível observar muitos dos sintomas das mudanças climáticas, como por exemplo secas prolongadas”, explicou a especialista ambiental.
Doutora em ecologia aplicada, Maria Luísa ressaltou a importância das áreas naturais para combater esses impactos, dando destaque para as florestas em territórios indígenas e quilombolas e trazendo os dados de que na América Latina e Caribe 30% do carbono armazenado nas florestas está em terras de comunidades tradicionais. “As florestas removem da atmosfera 15,6 milhões de toneladas de CO₂ por ano. Também aumentam significativamente a infiltração de água e protegem as nascentes, além de terem um papel importante na recarga de aquíferos. São fundamentais para a regulação da umidade do ar e para a formação das chuvas” explica.
Durante a palestra, foram propostas algumas medidas de mitigação aos impactos das mudanças climáticas e de adaptação visando reduzir as vulnerabilidades dos sistemas naturais e humanos: revisão do fundamento da sociedade de consumo; redução de uso de combustíveis fósseis; transição energética (maiores emissões de gases do efeito estufa provém de combustíveis fósseis e da atividade industrial); investimento em pesquisa científica; projetos de restauração ecológica para reduzir as emissões; aprimoramento da fiscalização contra o desmatamento; planejamento e gestão de Áreas Protegidas; homologação e proteção de terras indígenas e quilombolas; fortalecimento da participação social; incorporação da dimensão socioambiental em todas as políticas públicas, entre outras estratégias. Maria Luísa destacou ainda a importância da educação ambiental.
Esta foi a terceira de uma série de palestras que o IPA vem promovendo em datas comemorativas relacionadas às pautas científica e ambiental. No dia 22 de fevereiro foi realizada palestra sobre briófitas destacando a importância da teoria evolutiva para compreender a origem e a dinâmica da biodiversidade, em celebração ao Darwin Day 2024, e em 1º de março aconteceu outra sobre a importância das Unidades de Conservação para a proteção da natureza, marcando o Dia Mundial da Vida Selvagem.
Assista à palestra no YouTube do IPA:
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