
18/12/2023
Foto: Parque Estadual da Serra do Mar
Nesta segunda-feira, 18 de dezembro, a agência de notícias Bori divulgou estudo realizado por pesquisadores do Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA) e publicado em periódico científico da instituição que revela que ao menos 86% das espécies nativas de animais vertebrados do estado de São Paulo estão em unidades de conservação (UCs) de proteção integral. A pesquisa elaborou lista com espécies de anfíbios, mamíferos, aves e répteis presentes nessas áreas protegidas do estado. O estudo também classificou, mapeou e analisou os inventários de vertebrados terrestres nas UCs. Os resultados mostram importância das UCs de proteção integral para reduzir extinção de vertebrados do estado paulista.
O artigo científico “Uma Avaliação da Relevância do Sistema de Unidades de Proteção Integral para a Conservação dos Vertebrados Tetrápodes (Animalia:Chordata) no Estado de São Paulo” está disponível na edição v.35 n.2 da Revista do Instituto Florestal.
Veja abaixo o texto completo da matéria publicada na Bori:
As mudanças climáticas podem reduzir a distribuição geográfica de espécies de animais e plantas e, até mesmo, causar a sua extinção. Por isso, unidades de proteção integral (UPIs) como parques nacionais, estaduais e reservas biológicas têm um papel importante na proteção dessas espécies. No estado de São Paulo, essas áreas representam 4% do território, o que corresponde a 10,5 mil km², e abrigam ao menos 86% das espécies nativas de anfíbios, mamíferos, aves e répteis. Os dados são resultado de um trabalho do Instituto de Pesquisas Ambientais do Estado de São Paulo publicado na segunda (18) na “Revista do Instituto Florestal”.
A partir de uma revisão bibliográfica em mais de 240 publicações científicas, os pesquisadores encontraram o registro de mais de mil espécies de animais vertebrados terrestres no estado. Foi possível, então, elaborar uma lista com esses animais presentes nas 78 UPIs de São Paulo.
Os dados mostram as espécies ameaçadas de extinção e as restritas a determinadas regiões geográficas. Os inventários sobre vertebrados de cada UPI foram classificados pelos pesquisadores em representativo, preliminar ou inexistente, dependendo da quantidade de conhecimento presente das unidades — e mapas foram gerados a partir disso.
Os autores também avaliaram a relevância das UPIs, observando a extinção das espécies e planos de manejo para a conservação da fauna de cada unidade. Para Alexsander Antunes, co-autor do estudo e pesquisador do Instituto de Pesquisas Ambientais, o estudo demonstra os benefícios do investimento público em áreas de preservação. Ele poderia ser usado como base para aumentar o número de UPIs, priorizando áreas com maior risco de extinção de espécies, seja por meio de uma nova categorização de áreas já públicas ou pela incorporação de áreas privadas.
Além disso, os pesquisadores visualizaram as lacunas de conhecimento sobre espécies nestes territórios. Um exemplo de lacuna de informação nas UPIs é da ave aracuã-guarda-faca. Segundo Antunes, a espécie, inicialmente localizada também no Mato Grosso do Sul, já pode ser considerada restrita ao estado de São Paulo. No entanto, ainda faltam registros documentando a presença dela em UPIs. “Os relatos atuais da espécie são para o norte paulista, possivelmente na Estação Ecológica do Noroeste Paulista, apesar de não existir registro oficial nas publicações”, diz o autor.
De acordo com Antunes, “as identificações de espécies do estudo podem ser usadas para avaliar o impacto das ações humanas sobre a fauna, até mesmo em áreas protegidas”. O pesquisador espera que o estudo estimule ações de pesquisa e de conservação, como a implantação de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN) e de corredores ecológicos para a conexão entre áreas, além da restauração da vegetação nativa em locais de preservação permanente.
A inclusão de outras fontes de dados permitiria, também, que mais espécies fossem agregadas e a riqueza dos dados seria ainda maior. Os próximos passos são focar em estudos sobre uma classe de vertebrados específica, como as aves. “Queremos avançar nas pesquisas sobre elas nas UPIs cujos dados disponíveis foram classificados como inexistentes ou preliminares, o que demanda produção de novos dados para projetos ambientais de preservação dessas espécies”, conclui Antunes.
Fonte: Agência Bori
Parceria para divulgação de ciência brasileira
O IPA herdou do Instituto Florestal a parceria com a Bori, que surgiu como resultado de uma articulação entre editores de Revista do Instituto Florestal e a Associação Brasileira de Editores Científicos (ABEC). A agência de notícias constrói uma ponte entre os meios de comunicação e as pesquisas científicas realizadas no Brasil, por brasileiros e publicadas em periódicos científicos nacionais. A equipe da Bori avalia os artigos científicos, seleciona os mais relevantes, prepara matérias e as envia para centenas de jornalistas cadastrados, alcançando desde profissionais autônomos até aqueles que atuam em grandes mídias.
Em dois anos, a Bori produziu 11 matérias jornalísticas sobre pesquisas publicadas na Revista do Instituto florestal. Foram realizadas divulgações de artigos de autoria tanto de pesquisadores do IPA quanto de outras instituições, como a Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), a Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, da Universidade de São Paulo (ESALQ/USP), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a Universidade de Cuiabá, a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRJ), a Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), no Rio Grande do Norte, a Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI), em Minas Gerais, e a Universidade Estadual do Paraná (Unespar).
Segue abaixo o histórico das divulgações das pesquisas publicadas na revista do IPA realizadas pela Agência Bori:
Estudo identifica aptidão da jurema-preta para uso em pisos de madeira (6/12/2021)
Com grande volume de água, bacias de Cunha (SP) são importante manancial da Mata Atlântica (30/03/2022)
Cultivo de eucalipto protege matas e contribui para preservação da biodiversidade em florestas (11/05/2022)
Dezoito espécies de aves são vistas pela primeira vez em matas de brejo no interior de SP (30/06/2022)
Esterco de aves é o que mais reduz acidez de solo e favorece plantações no Cerrado, aponta estudo (12/09/2022)
Um terço das Áreas de Preservação Permanente em São Luiz do Paraitinga (SP) estão suscetíveis a inundações (16/12/2022)
Árvore usada na restauração do Cerrado se torna mais fértil com adição de calcário e fósforo (30/04/2023)
Desmatamento do interior paulista provocou desaparecimento de 80 espécies de aves (22/05/2023)
Uma em cada dez espécies de árvores da Serra de Paranapiacaba está em risco de extinção (30/06/2023)
Uso de casca de coco melhora cultivo de bromélias e pode reduzir o extrativismo predatório (4/12/2023)
Ao menos 86% das espécies nativas de animais vertebrados do estado de SP estão em unidades de proteção (18/12/2023)
A submissão de artigos para a Revista do Instituto Florestal mudou
A Revista do Instituto Florestal é uma revista de acesso aberto e agora está na plataforma Open Journal Systems – OJS, com suporte da Lepidus Tecnologia. A submissão dos artigos e a tramitação agora se dará de forma eletrônica. Para saber mais, acesse o link: https://rif.emnuvens.com.br/revista/about/submissions. A plataforma também hospeda toda a coleção dos artigos da Revista, oferecendo mecanismos de busca e possibilitando downloads gratuitos, melhorando o acesso tanto para o corpo de cientistas, técnicos e alunos do IPA, quanto para o público externo, tornando os artigos mais acessíveis à sociedade de uma forma geral.
Notícias relacionadas
- Em entrevista, pesquisador do IPA apresenta estudo que aponta UC como refúgio de árvores ameaçadas nas montanhas de SP
- Agência de notícias divulga estudo sobre restauração de Cerrado publicado em revista científica do IPA
- Revista do Instituto Florestal tem parceria com agência de notícias para divulgar pesquisas científicas do IPA