
01/12/2023
De 4 a 23 de novembro, a pesquisadora científica Natália Ivanauskas e a assistente de pesquisa científica Regina Shirasuna, ambas do Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA), viajaram à China a fim de participar do Workshop on Biodiversity Conservation & Species Recovery (Workshop sobre Conservação da Biodiversidade e Recuperação de Espécies) e realizar visita técnica à Chinese Academy of Forestry (Academia Chinesa de Silvicultura).
Regina escreveu o relato abaixo sobre a experiência de viagem:
“Participar de workshops internacionais representa uma oportunidade única para aprofundar conhecimentos, promover trocas culturais e estabelecer conexões com especialistas de diversas partes do mundo. Na China, um país com alta tecnologia e que abraça uma rica diversidade de ecossistemas, realizar um workshop focado em biodiversidade, conservação e restauração se torna ainda mais significativo.
Participaram desse workshop nove países, quatro sul-americanos (Brasil, colômbia, Equador e Peru) e nove do continente asiático (Filipinas, Malásia, Tailândia, Sri Lanka e Vietnã). O IPA representou o Brasil.
Natália apresentou o IPA, sua missão, pesquisas e seus campos: Biodiversidade, Botânica, Florestas e Geociências. Abordou as áreas de pesquisas, organograma da instituição, órgãos colegiados, jornais e revistas científicas, museus, bibliotecas, programa de pós-graduação, herbários, xiloteca, palinoteca, cultura de algas e fungos, banco de germoplasmas, zoneamento econômico e ecológico do Estado de São Paulo, mapeamento geológico, sequência de desmatamento do Estado, mapeamento da vegetação natural do Estado, Plano de Ação Climática 2050, cenário da percentagem da vegetação natural por município, projeto de parcelas permanentes, projeto restauração em campo de altitude após retirada de pinus, espécies invasoras do Instituto Horus, Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos.
Eu apresentei os Domínios brasileiros, biodiversidade e cultivo de espécies nativas no IPA. A apresentação teve início com uma imersão nos diversos domínios biogeográficos que caracterizam o Brasil. Desde a Amazônia até o Cerrado, cada região exibindo uma diversidade única de ecossistemas, flora e fauna. Essa introdução proporcionou uma base sólida para a compreensão subsequente sobre a biodiversidade. O ponto focal da apresentação recaiu sobre a riqueza biológica do Brasil. Neste país mega diverso, a variedade de espécies e ecossistemas é um tesouro global. Foi destacado não apenas a importância intrínseca dessa diversidade, mas também números da diversidade e os serviços ecossistêmicos cruciais que ela fornece, desde a polinização até a regulação do clima. A transição suave levou os participantes ao seguinte tema da apresentação: o cultivo de espécies nativas. O IPA emergiu concentrando esforços no cultivo de plantas nativas das diversas fitofisionomias do Estado de São Paulo para a conservação da biodiversidade. A ênfase na valorização de espécies nativas ressoou com a necessidade premente de preservar o patrimônio genético único do Brasil. O IPA, ao se comprometer com o cultivo dessas espécies, não apenas promove a conservação, mas também contribui para projetos de restauração ecológica e ensino de pós-graduação. No encerramento, ressaltei o papel fundamental do cultivo de espécies nativas tanto para a valorização de nossa flora quanto para a conservação da biodiversidade, especialmente das espécies raras e ameaçadas de extinção.
O workshop ofereceu uma oportunidade única para os participantes não apenas absorverem conhecimento teórico, mas também testemunharem práticas de conservação inovadoras em ação. Ao longo de 13 palestras, os especialistas chineses compartilharam seus insights e experiências na preservação da biodiversidade e recuperação de espécies. Cada palestra foi como uma janela para estratégias pioneiras, desafios enfrentados e triunfos conquistados na busca pela sustentabilidade ambiental. Essa ampla gama de tópicos ofereceu uma visão abrangente e aprofundada das complexidades envolvidas na conservação da biodiversidade.
Além das palestras, as visitas a instituições de renome, como o South China Botanical Garden (Jardim Botânico do Sul da China), seu herbário e jardim botânico e a Reserva Natural de Dinghushan, proporcionaram aos participantes uma oportunidade única de observar práticas de conservação. Esses locais não são apenas centros de pesquisa, mas também redutos onde a ciência e a paixão se encontram para preservar a riqueza da flora e fauna chinesas.
A jornada não se limitou às instalações acadêmicas; estendeu-se também a um mergulho na rica cultura chinesa através de uma visita ao Museu da Cultura Cantonesa, principais pontos turísticos como Canton Tower, Beijing Road e sua tradicional culinária. Compreender a interconexão entre cultura e conservação é fundamental para desenvolver abordagens holísticas que respeitem não apenas a biodiversidade, mas também a diversidade cultural que a sustenta.
A excursão ao Instituto de Biologia da Chinese Academy of Sciences ofereceu um vislumbre dos bastidores da pesquisa de ponta, onde os participantes puderam interagir diretamente com cientistas engajados na linha de frente da conservação. Essa proximidade com a pesquisa aplicada inspirou uma compreensão mais profunda do papel crucial que a ciência desempenha na proteção da biodiversidade.
A viagem à Província de Sichuan ampliou os horizontes, apresentando o Chengdu Botanical Garden, o Chengdu Wetland e o Nansha Wetland. Essas visitas não apenas enriqueceram o entendimento prático das estratégias de conservação, mas também demonstraram a variedade de ecossistemas presentes na China e a importância de adaptar abordagens de conservação a contextos específicos.
Em última análise, a participação neste workshop não apenas capacitou os envolvidos com conhecimento técnico, mas também proporcionou uma experiência imersiva prática que tocou corações e mentes. Ao testemunhar a alta tecnologia chinesa à pesquisa, conservação da biodiversidade e à recuperação de espécies, os participantes foram inspirados a levar esse conhecimento de volta às suas comunidades, contribuindo assim para a construção de um mundo mais consciente e comprometido com a proteção do nosso planeta. O evento foi mais do que uma reunião de especialistas; foi um convite à ação, um chamado para todos se tornarem guardiões ativos da riqueza natural que define o nosso planeta.
A viagem de dois dias a Pequim, das profissionais do IPA à Chinese Academy of Forestry, foi marcada por um propósito claro: estreitar as relações entre duas potências em pesquisa ambiental, proporcionando uma plataforma sólida para a troca de informações e a possível colaboração bilateral entre Brasil e China.
A visita começou com uma imersão na excelência científica da Chinese Academy of Forestry. A apresentação sobre missões, áreas de pesquisa e destacados pesquisadores não apenas informou, mas também estabeleceu um terreno comum para a compreensão mútua. A experiência chinesa na gestão sustentável de florestas e conservação ambiental revelou-se uma fonte valiosa de inspiração para o Instituto de Pesquisas Ambientais.
Natália destacou a importância da pesquisa aplicada e iniciativas sustentáveis no contexto brasileiro. Sua apresentação não só contextualizou as atividades do IPA, mas também abriu portas para a identificação de áreas de interesse compartilhado. A convergência de missões entre a academia chinesa e o instituto brasileiro foi clara, estabelecendo um terreno fértil para colaborações futuras.
Minha apresentação sobre os trabalhos desenvolvidos, especialmente o monitoramento de um reflorestamento com 22 anos, forneceu informações para a troca de conhecimentos. Terminei a apresentação falando sobre o cultivo de espécies para a conservação da biodiversidade e a produção de mudas para projetos de restauração de ecossistemas. O Viveiro Tamboril do IPA não é apenas um local de pesquisa; é uma ponte para o futuro, educando as próximas gerações de líderes ambientais.
O cerne desta visita foi, portanto, a busca por sinergias e pontos de colaboração. A troca de informações entre a Chinese Academy of Forestry e o IPA não foi apenas acadêmica; foi um diálogo entre nações comprometidas com a preservação ambiental. A visita não apenas fortaleceu os laços entre as instituições, mas semeou as bases para uma colaboração sustentável e mutuamente benéfica entre Brasil e China. Ao unir forças, essas potências ambientais estão pavimentando o caminho para um futuro mais verde e resiliente para ambos os países e para o planeta como um todo.”
A visita das servidoras do IPA à Chinese Academy of Forestry rendeu posteriormente uma visita de uma comitiva chinesa às instalações do Instituto de Pesquisas Ambientais no Brasil.