No final da tarde do dia 18 de outubro, saindo do Herbário Dom Bento José Pickel, uma servidora do Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA) avistou uma ave se prendendo em uma linha de pipa que estava enroscada em árvores na área do Parque Estadual Alberto Löfgren, onde fica a unidade Horto Florestal da instituição. A Especialista Ambiental Natália Almeida mobilizou alguns colegas de trabalho e em seguida o grupo adentrou a área de mata. Após cerca de 40 minutos conseguiram chegar o mais próximo possível do local em que a ave estava presa.

Usando uma técnica de lançar uma linha amarrada em uma brita com apoio de estilingue, método de coleta de material botânico descrito na literatura, conseguiram romper a linha que prendia o animal à árvore. Quando a linha foi cortada, o animal permaneceu preso, enroscado na linha com cortante. Ali, verificaram que se tratava de um urutau (Nyctibius griseus), ave associada a diversas mitologias e dificilmente avistada, pelos seus hábitos noturnos e pelo seu mimetismo com troncos e galhos de árvores. Segundo o site Wikiaves, o urutau “possui uma adaptação única em aves, chamada de “olho mágico”. São duas fendas na pálpebra superior, as quais permitem que fique imóvel por longos períodos, observando os arredores, mesmo de olhos fechados.” O animal foi contido para que toda a linha fosse solta da sua asa direita e, após conferência que não havia danos severos, foi solto e alçou voo imediatamente.

Recentemente, a Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo (Semil) publicou texto sobre o risco que as aves correm por conta de ferimentos provocados por linhas de pipas e advertiu que a utilização de linhas mais resistentes “chilenas” e com cerol é proibida por lei. De acordo com matéria do G1, “no primeiro semestre de 2023, 68 aves, de 23 espécies, que sofreram lesões ocasionadas por linhas de pipa com ou sem cerol, precisaram ser atendidas pelo Centro de Triagem e Recuperação de Animais Silvestres de São Paulo (Cetras), da Semil.”

Foto: Hugo Fonseca e Osny Tadeu de Aguiar fazendo a contenção do urutau durante o resgate/ Crédito: Glaucia Cortez