16/10/2023

Além de sofrer com a crise hídrica, a cidade de Bauru vem enfrentando problemas relacionados à contaminação por nitrato do Sistema Aquífero Bauru (SAB), maior unidade hidrogeológica do estado de São Paulo. As concentrações do contaminante muitas vezes excedem ao padrão de potabilidade (10 mg/L N-NO3).

A área urbana de Bauru é parcialmente abastecida por água subterrânea e já foi objeto de diversos estudos hidrogeológicos conduzidos nas últimas décadas. Apesar dos avanços para o conhecimento do comportamento do nitrato, sua presença na água subterrânea ainda continua sendo um grande desafio.

Diante deste cenário, o pesquisador indiano Chandra Shekhar Asad Kashyap e as pesquisadoras do Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA) Claudia Varnier e Luciana Ferreira estão participando, desde o mês de julho, do Projeto Jovem Pesquisador “Uso de multi-traçadores, nanotecnologia e modelagem numérica de transporte reativo de multicomponentes geoquímicos para o entendimento do nitrato em aquíferos urbanos”.

O objetivo é avaliar a extensão e os impactos da contaminação das águas subterrâneas por nitrato decorrente da ocupação urbana. Para isso, propõe a utilização de ferramentas robustas em um estudo de detalhamento, como multi-traçadores, nanotecnologia e microbiologia, algumas delas ainda inéditas no Brasil, o que representa um avanço metodológico e, por conseguinte, científico.

Chandra foi o candidato aprovado no processo de seleção para o Projeto devido à sua experiência em hidrogeoquímica, biogeoquímica e isótopos estáveis. Sua participação contribuirá substancialmente para o aprofundamento do conhecimento na linha de pesquisa desenvolvida pelo IPA denominada “Contaminação das Águas Subterrâneas por Nitrato”, bem como para a capacitação da equipe dessa instituição e das parceiras para o uso e aplicação das ferramentas em projetos futuros. Por se tratar de tecnologia pouco usual no país, será organizado um treinamento técnico para que os agentes públicos e da academia possam se beneficiar e utilizar de forma mais dinâmica tais resultados.

O Projeto é financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), terá duração de 5 cinco anos e um orçamento de R$ 2 milhões.

A iniciativa faz parte de dois outros projetos financiados pela Fapesp: “Modernização e Ampliação da Infraestrutura de Pesquisa Científica do Instituto Geológico para Subsidiar Políticas Públicas na Área de Meio Ambiente” (Processo no 2017/50336-6), coordenado pela pesquisadora do IPA Luciana Ferreira, e Projeto Temático “SACRE: Soluções Integradas de Água para Cidades Resilientes” (Processo no 2020/15434-0), coordenado pelo professor Ricardo Hirata, do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (IGc-USP). O projeto SACRE conta com a participação de inúmeras instituições paulistas que atuam na gestão e controle das águas (Instituto de Pesquisas Tecnológicas – IPT, Companhia Ambiental do Estado de São Paulo – Cetesb e Departamento de Águas e Energia Elétrica – DAEE), universidades públicas sediadas em São Paulo (Universidade de São Paulo – USP, Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP e Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP) e estrangeiras (Waterloo e Hiroshima) e instituições locais (Prefeitura Municipal de Bauru e Departamento de Água e Esgoto de Bauru – DAE).