
10/08/2023
Encontro destacou cases de sucesso e os desafios do setor com a participação de executivos e pesquisadores científicos
“Cases de Inovação em Biotecnologia e os Desafios do Empreendedorismo” foi o tema da Mesa Redonda organizada pelo Núcleo de Inovação Tecnológica do Instituto de Pesquisas Ambientais – NIT/IPA, conduzida com maestria por Marília Gaspar que é bacharel em Ciências Biológicas, com Mestrado em Genética Vegetal, PHD em Fisiologia Celular e Molecular de Plantas pela Universidade de Paris, e Pós-Doutorado em Fisiologia e Bioquímica de Plantas Nativas. Atualmente é pesquisadora científica do IPA e também vice-coordenadora do curso de pós-graduação, onde atua como docente.
O debate contou com a participação de especialistas que destacaram ferramentas, estratégias e métodos adotados para o avanço dessas pesquisas. Marília Gaspar deu início a apresentação ressaltando o objetivo do evento.
“Agradeço aos participantes da Mesa Redonda, pois esse encontro inicialmente estava previsto para acontecer no contexto da minha disciplina e achamos interessante ampliar para expandir mais a visão dentro do que é desenvolvido na matéria e para mostrar aos alunos outras possibilidades fora da academia. É algo que faço há anos enquanto educadora, acrescer o olhar dentro do que está sendo estudado”, afirmou.
Paulo Arruda, cofundador da Alellyx e CEO da In Edita Bio, apresentou pontos centrais que a empresa aplica em estratégias com parceiros, além de salientar a importância do referido tema.
“Uma empresa de biotecnologia, uma startup, ou seja, uma ação inovadora, deve priorizar resolver grandes problemas mas também deve focar em contribuir para a sociedade na produção de alimentos e na manutenção da qualidade de vida do planeta. É bom ressaltar que precisamos usar a ciência genômica para entender mecanismos que fazem as plantas terem os mais diferentes fenótipos”, destacou.
O CEO também assinalou a relevância do mapeamento de cada passo do procedimento a ser desenvolvido. “Uma coisa muito importante é saber que você tem que dominar o máximo possível do processo, desde a invenção até aquilo ser posto em prática, para que você possa vislumbrar como isso vai funcionar no campo. Quando se fala em agricultura ou em processo industrial, é necessário ter ciência que é no campo final que surgem questões a serem solucionadas”, frisou.
O executivo e CEO da Symbiomics, Rafael Souza, deu seguimento a apresentação e descreveu os métodos empregados na empresa, que segundo ele vão na contramão do habitual e que diversas empresas aplicam com o intuito de acelerar o processo, não levando em conta as consequências a longo prazo.
“Nossa empresa tem como objetivo desenvolver tecnologias que consigam aumentar a produtividade agrícola de uma forma sustentável. Adotamos o uso dos microrganismos que colonizam as plantas para tentar aumentar a eficiência sem trazer grande impacto ao meio ambiente. Nosso racional é, ao invés de aumentar a quantidade de fertilizantes, agroquímicos e químicos de uma forma geral, que você precisa para obter altos níveis de eficácia, você consegue substituir uma parcela dessas substâncias por uma única solução, que é o uso de microrganismos. É importante pontuar que o Brasil é um dos principais produtores agrícolas do mundo mas tem um problema que é a tecnologia mais centrada na América do Norte, o que se traduz num grande contrassenso”, salientou.
A especialista Larissa Viana, Head de Busca e Solução de Startups da Vesper Ventures, explanou sobre a responsabilidade que a empresa assume com os respectivos pesquisadores e quais os encargos assumidos a partir dessa parceria.
“Dentro da área de biotecnologia temos um pouco menos tempo de atuação, aproximadamente 5 anos, mas a história dos nossos sócios fundadores é bem mais longa que isso, o que é um bom exemplo para destacar qual a nossa motivação por detrás dos projetos e da missão da empresa. Quando apresento o trabalho da Vesper é no âmbito da execução, não somos uma aceleradora e
não damos mentoria e também não é sobre ensinar a conduzir, é sobre estar ao lado do cientista e executar junto a ele para fazer a startup chegar ao objetivo final. Então nosso trabalho inicia ao entender o que é a ciência que o pesquisador está propondo e qual o avanço científico e, dentro disso, vamos buscar as soluções necessárias”, ressaltou.
O diretor do Departamento de Tecnologia e Inovação do IPA, Emerson Alves da Silva, discorreu sobre a importância do setor no âmbito de desenvolvimento e agilidade do próprio instituto, destacando o NIT, como órgão responsável pela manutenção e observância da política institucional de proteção de criações, de inovações e de transferência de tecnologia, de licenciamento de produtos e processos desenvolvidos pelo IPA.
“Como instituição de pesquisa científica e tecnológica, nós concorremos dentro da matriz de ciência e tecnologia do Brasil e do mundo no desenvolvimento de novos projetos e ideias. Desde a reestruturação do IPA, nós dispomos de um Departamento de Tecnologia e Inovação que tem como função gerir a Política Institucional de Inovação da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo nos campos da biodiversidade, botânica, geociências e ciências florestais. Nesses quase dois anos de existência, adotamos políticas que agilizam os processos que selam novas parcerias para que sejamos mais atrativos em cooperações que visem impulsionar a pesquisa, o desenvolvimento e a inovação”, concluiu.
Texto: Núcleo de Inovação Tecnológica