03/07/2023

 

O Viveiro Tamboril, localizado na Unidade Jardim Botânico do Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA), produz mudas de espécies relevantes e contribui com a proteção de plantas ameaçadas de extinção, como a Tabebuia cassinoides, popularmente conhecida como caixeta, e a Roupala sculpta, árvore rara que ocorre apenas nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro.

O espaço do Viveiro é uma infraestrutura de apoio à pesquisa científica, à conservação da biodiversidade e à restauração ecológica, bem como às aulas e práticas de pós-graduação e outros cursos. Foi inaugurado em 2012, como parte da compensação ambiental do trecho sul do Rodoanel, resultado da negociação do pesquisador científico Luiz Mauro Barbosa com a antiga Dersa. Na ocasião, recebeu várias espécies de relevância botânica que ocorriam nos trechos de vegetação que foram suprimidos durante a obra viária. Ao longo destes anos, a coordenação dos trabalhos ficou a cargo da assistente de pesquisa Regina Shirasuna, que incorporou exemplares de espécies coletadas em várias Unidades de Conservação do Estado de São Paulo, tendo contribuído com o processo de elaboração de seus planos de manejo.

O Viveiro possui espécies nativas raras, ameaçadas, comestíveis e medicinais dos dois biomas paulistas (Mata Atlântica e Cerrado). “A caixeta é uma árvore classificada como “vulnerável” tanto em nível nacional como regional, conforme Portaria do Ministério do Meio Ambiente (148/2022) e Resolução da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo (57/2016). Já a R. sculpta, da família Proteaceae, está na categoria “em perigo crítico”, também nas mesmas legislações.  Para se ter uma ideia da importância de conservação desta espécie, citam-se registros muito escassos nos herbários brasileiros,” explica Barbosa. “No estado de São Paulo, existem apenas dois registros de sua ocorrência: um no Jardim Botânico de São Paulo (que conta com apenas um indivíduo adulto) e outro no município de São Miguel Arcanjo. No estado do Rio de Janeiro, também foi registrada a ocorrência em apenas dois municípios (Angra dos Reis e Magé), o que, por si só, demonstra a importância do plantio de novos indivíduos para sua conservação,” complementa a bióloga Regina. Por ser muito rara, a R. sculpta não possui nome popular, como a caixeta.

Regina, entre outros estudos e trabalhos realizados, produziu mudas destas duas espécies que deverão ser plantadas nas áreas do Jardim Botânico de São Paulo, contribuindo para atender aos requisitos da categoria A para jardins botânicos, com forte viés de conservação da biodiversidade.