26/04/2023

 

Há exatos 86 anos, em 26 de abril de 1937, o dia se iniciou normalmente na cidade de Guernica y Luno, localizada no país Basco. Entretanto, no final da tarde, ocorreu um dos piores ataques da Guerra Civil Espanhola. Tropas nazistas bombardearam a cidade por cerca de quatro horas, deixando centenas de mortos e feridos. Entre toda a destruição, poucos edifícios ficaram de pé. No entanto, uma árvore centenária que foi atingida se fortaleceu como um dos símbolos do povo basco.

O carvalho (Quercus robur) já era importante para aquela comunidade. Costumava ser o local onde as pessoas se reuniam para se alimentar, fazer negócios ou prestar juramentos. Após os ataques árvore rebrotou, frutificou e produziu sementes, da qual até hoje são feitas mudas que são distribuídas por cidadãos bascos pelo mundo todo, em memória do massacre ocorrido com seu povo e de sua história de resistência.

Anos atrás, na data de 5 de junho de 2019, quando se comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente, o estado de São Paulo ganhou uma muda filha da árvore que sobreviveu aos bombardeios nazistas. O carvalho foi plantado no o Parque Estadual Alberto Löfgren, na zona norte da capital, sede do então Instituto Florestal (atual Instituto de Pesquisas Ambientais).

Na ocasião, Oskar Goitia, presidente da Casa Basco Brasileira, ressaltou a importância do carvalho para seu povo, representando a liberdade, a igualdade de todos os homens e a democracia. “Entregamos esta árvore ao Instituto Florestal com todo o carinho, porque sabemos que aqui ela será bem cuidada e servirá de inspiração”, explicou.

Ainda naquele ano, em 21 de setembro, durante a celebração do Dia da Árvore, aconteceu o descerramento da placa de identificação do carvalho de Guernica. Também foi recitado o poema Liberdade, pelo poeta José Perez Urtiaga Martinez. Os versos estão gravados na placa em português e em euskera, o idioma basco. Ao longo da festa, foi realizada ainda a apresentação de músicas e danças típicas do País Basco.

O processo para que a árvore fosse plantada em solo brasileiro passou por burocracias e cuidados tanto pelo lado de lá do Atlântico, na Europa, quanto pelo lado de brasileiro. Oskar contou que teve que solicitar a duas famílias da Espanha para conseguir a muda do alto dos Pirineus. Além disso, o exemplar precisou se adaptar durante quatro anos ao clima do Brasil antes de ser plantado em solo paulista. De lá pra cá, se passaram mais quatro anos e o carvalho cresce cada vez mais forte.