24/02/2023

 

Com Mutue Fujii

Mutue Toyota Fujii, bióloga, com mestrado e doutorado em Ciências Biológicas. Foi coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente. É pesquisadora científica e coordenadora do Grupo de Pesquisa do CNPq “Diversidade biológica, fisiológica e química de algas marinhas, continentais e cianobactérias”. É diretora do Departamento de Gestão do Conhecimento do IPA.

Eu sou muito feliz como pesquisadora, orientadora de estudantes de pós-graduação e supervisora de pós-doutorados. Também me alegra atuar como coordenadora e  colaboradora em diversos projetos de pesquisa nacionais e internacionais e, mais recentemente, contribuindo com o IPA como diretora do Departamento de Gestão do Conhecimento.

A minha escolha por uma trajetória científica foi motivada pela curiosidade e investigação para obter respostas a tudo o que acontecia ao meu redor. E foram várias descobertas científicas em minha trajetória. 

Eu gostaria de exemplificar a coleta de um exemplar de macroalgas marinhas em Ubatuba, no litoral norte de São Paulo. Embora o exemplar tenha sido muito pequeno, naquele momento já pressenti que seria uma espécie nova para a ciência. Porém, para um estudo detalhado, o material não era suficiente. Mas felizmente, durante as coletas em outras regiões foram encontrados novos exemplares, que resultaram em publicação em revista internacional de alto impacto. 

Como diretora do Departamento de Gestão do Conhecimento, eu ocupo uma das posições de liderança mais importantes do Instituto de Pesquisas Ambientais. Muito mais do que quebrar uma barreira em relação à representatividade feminina em funções estratégicas, no meu caso, eu diria que a dedicação e a doação à Instituição é o que me proporcionou tamanha felicidade de chegar onde estou.

Ainda que o conhecimento per se seja fundamental para tornar o mundo mais rico, a popularização da ciência se dá pela compreensão da importância desse conhecimento para a melhoria da qualidade de vida, como alimento, como fonte de medicamentos, e outras aplicações.   

Entre as mulheres que transformaram o mundo e que inspiraram a minha trajetória, gostaria de destacar Marie-Curie, física e química que conduziu pesquisas pioneiras sobre radioatividade. Ela foi a primeira mulher a ganhar o Prêmio Nobel, sendo também a primeira pessoa e a única mulher a ganhá-lo duas vezes, além de ser a única pessoa a ser premiada em dois campos científicos diferentes. Também foi a primeira mulher a se tornar professora de uma Universidade – exemplo de determinação e persistência no que acreditava, superando todas as dificuldades.

Em meu caminho, eu enfrentei muitas dificuldades enquanto mulher e cientista, desde quando comecei a trilhar esta jornada: fui professora de ciências, bióloga na Prefeitura de São Paulo, tive dois filhos, fiz mestrado, doutorado, e nunca desisti de ser pesquisadora. Em 1992 ingressei na carreira de Pesquisador Científico do estado de São Paulo e desde 2005 sou PqC VI e há cerca de 20 anos, Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq, atualmente PQ-CNPq Nível 1A; e sou avó de dois netinhos maravilhosos!

Acredito que o avanço da ciência brasileira é independente de gênero, mas necessita de  paciência, de tenacidade e, sobretudo, requer estarmos preparadas quando uma oportunidade surgir. 

Apesar das dificuldades iniciais que as meninas enfrentam para ingressar em uma carreira científica, gostaria de dizer que vocês precisam ser persistentes, esperar as oportunidades com sabedoria e constância e, sobretudo, acreditar nos seus sonhos!