
25/11/2022
No dia 17 de novembro, o pesquisador Miguel Luiz Menezes Freitas, do Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA), ministrou palestra sobre o banco de germoplasma de espécies arbóreas da instituição. O evento foi realizado em parceria com os centros de Estudos Florestais e de Ecologia Aplicada, do Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa, Portugal, onde ocorreu a palestra.
Bancos de germoplasma são lugares que conservam materiais genéticos de uma ou mais espécies. No caso do acervo do IPA, especificamente, trata-se de florestas plantadas com árvores do Brasil e de outros países. Esses laboratórios vivos se encontram em diferentes áreas protegidas públicas do estado de São Paulo, como as estações experimentais de Assis, de Itirapina, de Luiz Antonio e de Mogi-Guaçu.
Na palestra, com o objetivo de discutir a plantação de espécies nativas brasileiras, Freitas apresentou o projeto de pesquisa temático da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) que envolve os bancos de germoplasma do IPA e o programa de pesquisa e desenvolvimento financiado pelo Banco Mundial. O pesquisador mostrou diversos experimentos científicos desenvolvidos na instituição junto a parceiros e abordou as principais lacunas de conhecimento da investigação em silvicultura de espécies nativas do Brasil.
Em pesquisa florestal, alguns experimentos duram décadas. Afinal, avaliar o crescimento de espécies arbóreas, por exemplo, não é algo que possa ser feito rapidamente. O programa de melhoramento genético da instituição foi formalizado em 1978, ainda no Instituto Florestal.
O pesquisador explicou como o processo científico de melhoramento florestal é amplo e diverso. Ocorre desde a fase da produção de sementes até a avaliação de árvores adultas. Um dos trabalhos da equipe de pesquisa do IPA é tentar entender como cada espécie se desenvolve e como as diferentes variáveis influenciam em seu crescimento: qual cresce mais forte ou mais rápido, em qual região, em qual clima, em qual topografia, em qual solo, em consórcio com outras espécies ou não…
Além de buscar a compreensão da dinâmica de cada espécie, a pesquisa científica nesta área também busca compreender os desempenhos dos diferentes indivíduos de uma mesma espécie para que, a partir dos melhores exemplares, se produza clones.
Os resultados destas pesquisas subsidiam tanto a proteção da natureza quanto a produção florestal. Em relação à conservação, todo esse conhecimento auxilia na restauração ecológica, por exemplo, indicando quais são as melhores espécies para serem utilizadas em uma determinada região ou fornecendo as melhores sementes ou mudas daquela determinada espécie a ser utilizada. Além disso, conforme apontou Freitas, a produção florestal com espécies nativas é estratégica para inibir o corte da vegetação natural.
A floresta plantada fornece diversos produtos conforme o potencial de cada espécie. A madeira, dentre os mais variados usos, pode servir desde a confecção de móveis e a construção civil até mesmo para a fabricação de arcos de violino.
E também há outros produtos, como os frutos, as flores, a casca ou a seiva, que podem ter usos diversos, como a alimentação das pessoas, o preparo de ração para animais e até a produção ou criação de novos cosméticos ou medicamentos. Com isso, os produtos florestais podem ser importantes geradores de renda para as comunidades locais.
Assista ao vídeo da palestra no link: https://youtu.be/42RaLCQZaCI