10/05/2022

Três artigos científicos resultantes de projetos coordenados pela Dra Giselda Durigan, pesquisadora do Núcleo de Restauração Ecológica e Recuperação de Áreas Degradadas do IPA, estiveram entre os mais citados no período 2020-2021, segundo a Plataforma de Publicações Científicas Wiley Online Library.

No estudo “Weed control, large seeds and deep roots: Drivers of success in direct seeding for savanna restoration”, publicado no volume 23 de Applied Vegetation Science, Passaretti e colaboradores concluem que a competição com plantas daninhas prejudica mais o crescimento das plântulas do que a sobrevivência em espécies do Cerrado, atrasando consideravelmente a restauração de áreas por semeadura direta. Assim, o sucesso desse método dependerá do uso de espécies mais adaptadas a ambientes onde o estresse hídrico é o principal obstáculo a ser superado, que apresentem sementes grandes e mudas com sistema radicular amplo e profundo.

Já em “The diversity of post-fire regeneration strategies in the cerrado ground layer”, publicado no volume 109 do Journal of Ecology, Pilon e colaboradores reforçam que o fogo altera drasticamente o estrato da vegetação de savana mais próxima ao solo no curto prazo, mas que o sistema é altamente resiliente, se recuperando rapidamente de volta ao estado pré-fogo. Essa recuperação envolve diferentes estratégias, categorizadas em cinco grupos funcionais de espécies de plantas: gramíneas, semeadoras, bloomers, subterrâneas e rebrotadoras. O conhecimento dessas diversas estratégias deve ser usado como ferramenta para avaliar o estado de conservação e restauração de ecossistemas resistentes ao fogo no cerrado.

Fechando as contribuições “top cited”, no estudo “Shade alters savanna grass layer structure and function along a gradient of canopy cover”, publicado no volume 32 do Journal of Vegetation Science, Pilon e colaboradores alertam que o adensamento de árvores que está ocorrendo em remanescentes de Cerrado no estado de São Paulo altera a diversidade e estrutura do estrato de gramíneas com impactos no funcionamento do ecossistema.

O complexo de tipos de vegetação do bioma Cerrado foi durante muito tempo negligenciado pela opinião pública, por conservacionistas e pesquisadores. A Dra. Durigan esteve entre as pioneiras no estudo da ecologia do Cerrado e no teste de técnicas adequadas à conservação e manejo de seus ecossistemas. O Instituto de Pesquisas Ambientais é o herdeiro desta linha de pesquisa extremamente relevante para apoiar políticas públicas, iniciada no Instituto Florestal. O grupo de pesquisas coordenado pela Dra. Durigan se destaca pela quantidade, diversidade e qualidade de estudos publicados e também, pela preocupação na divulgação desse conhecimento, como podemos atestar no livro “Plantas pequenas do cerrado: biodiversidade negligenciada”, disponível gratuitamente e com linguagem acessível a todos. (http://arquivo.ambiente.sp.gov.br/publicacoes/2018/12/plantaspequenasdocerrado.pdf)