- Foto: IG/SMA
A região da Baixada Santista, local de grandes preocupações ambientais, tanto para o poder público e setor industrial quanto para a população que ali vive, é um exemplo de carência de conhecimento climático pretérito. Desse modo, não é possível afirmar que os fatos climáticos atuais, em termos de quantidade, intensidade, freqüência, sejam os mesmos que ocorriam no passado; ou que se encontram em processo de intensificação ou redução. Esse comportamento interessa aos estudos climatológicos em si e aos estudos de mudanças climáticas em última instância.
Uma abordagem alternativa para a obtenção dessas informações é o levantamento de dados indiretos que se encontram disponíveis em jornais, coleções fotográficas e publicações diversas, em arquivos públicos e privados. Através deles pode-se inferir sobre o nível de gravidade da ocorrência de eventos climáticos intensos. A extensão dos danos pode demonstrar a intensidade do parâmetro climático. Esses dados indiretos podem indicar o que ocorreu após tempestades, ventanias, precipitação intensa e contínua, entre outros, tais como escorregamentos, desmoronamentos, corridas de lama, queda de blocos de rocha, inundações, alagamentos, etc. O conhecimento desses eventos é de enorme importância no gerenciamento ambiental e na gestão de desastres, visto a destruição da infra-estrutura urbana, prejuízos materiais, número de desabrigados, doenças e mortes que provocam.
O projeto Estudos históricos de eventos climáticos extremos na Baixada Santista-SP, sob a coordenação da Pesquisadora Mirian Ramos Gutjahr, iniciado em 2009, tem por objetivo principal levantar o conhecimento quantitativo (em número de eventos), qualitativo e temporal de eventos climáticos agressivos e extremos da Baixada Santista. Os resultados deste estudo subsidiarão os trabalhos de atendimento à população da Baixada Santista, desenvolvidos anualmente pelo PPDC – Plano Preventivo de Defesa Civil, coordenado pela Defesa Civil com o apoio técnico do Instituto Geológico.
Também será realizado um estudo comparativo dos dados de parâmetros climáticos existentes para a cidade de Santos nos Boletins Meteorológicos editados pelos antigos Comissão Geográfica e Geológica e Instituto Geográfico e Geológico, na busca de períodos, em que eventos extremos possam ter ocorrido, bem como oferecer cartografia tipológica de eventos e recorrências temporais, de modo a se compreender visualmente a distribuição espacial dos mesmos.
O projeto encontra-se na fase de levantamento e tabulação de dados. Dentre os locais de pesquisa, destaca-se o jornal A Tribuna de Santos, o qual iniciou circulação com o nome de A Tribuna do Povo, em março de 1894.
Este projeto insere-se no plano de ação 2009-2012 da Área de Atuação em Desastres Naturais do INSTITUTO GEOLÓGICO
Fotos: De cima para baixo: Pesquisadora Mirian Ramos Gutjahr, em trabalho no centro de pesquisa do jornal A Tribuna em Santos. Equipe de apoio Maria de Lourdes F. Gomes, Maria Helena S. de Jesus e Rosângela Pereira de Carvalho. 1ª. página do jornal “A Tribuna” de 19/02/1929 destacando deslizamento ocorrido no Monte Serrat.