De 2003 a 2004, pesquisadores do Instituto Geológico realizaram um mapeamento geológico preliminar da Ilha Anchieta, como parte do projeto “Significados histórico, arqueológico, arquitetônico e ambiental do Parque Estadual da Ilha Anchieta – PEIA – Diretrizes para Restauração e Revitalização de Patrimônio Histórico-Cultural em Unidades de Conservação”, idealizado por pesquisadores do Instituto Florestal, com financiamento FAPESP (Processo nº 03/06416-2). Neste mapeamento, foram reconhecidos vários tipos de rochas graníticas.

Esses estudos foram retomados em 2006, pelo pesquisador José Maria Azevedo Sobrinho do Instituto Geológico e pelo Prof. Dr. Valdecir de Assis Janasi do Instituto de Geociências – USP, no âmbito do Projeto “Geoquímica das rochas granitóides da Ilha Anchieta”. A pesquisa foi motivada em função das observações realizadas no mapeamento inicial da Ilha Anchieta, no qual foram identificados dois grupos de rochas principais: os granitos com megacristais de feldspatos e as rochas charnockíticas (granito verde). Apesar de orientados paralelamente, os megacristais de feldspato não se apresentavam deformados, e sua orientação (Noroeste) divergia das orientações das demais rochas existentes na região (Leste-Nordeste), fato que chamou a atenção dos pesquisadores.

A partir do método de datação U-Pb (urânio – chumbo) em cristais do mineral zircão (ZrSiO4), obteve-se a idade de 499,7 +- 5,9 Ma para o granito, indicando ser o mais jovem do Estado de São Paulo. As datações realizadas até então indicavam idades de, no mínimo, 565 Ma, para o charnockito de Ubatuba, até então, a rocha granítica mais recente do Estado.

A idade mais recente do granito e as características estruturais, texturais e mineralógicas da rocha poderão sugerir novos estudos de correlação com os demais granitos similares existentes no litoral paulista. Os resultados da pesquisa implicarão ainda em reavaliações sobre a evolução geológica da região, visto que a idade obtida indica que o granito marca o final do último evento de geração de cadeias montanhosas que antecedeu a abertura do Oceano Atlântico.

Além dessas implicações científicas, a pesquisa poderá contribuir com as ações de proteção da Ilha Anchieta e com os projetos, a serem elaborados futuramente, para o conhecimento científico das APAs marinhas. Contribuirá também para a divulgação à sociedade de sítios geológicos de relevante interesse científico e cultural, podendo inclusive, no futuro, vir a ser classificada como um Monumento Natural Geológico do Estado de São Paulo.

Para mais informações, consulte o pôster apresentado no 44º Congresso Brasileiro de Geologia (Curitiba, 2008):

https://www.infraestruturameioambiente.sp.gov.br/institutogeologico/downloads/poster/AzevedoSobrinho_2008_44CBG.pdf

Imagens:

A – Localização da Ilha Anchieta e Mapa Geológico

B – Foto do afloramento do granito

C – Detalhe do granito

D – Fotomicrografia do granito

E – Cristais de zircão utilizados para datação