
14/06/2019
Nos dia 07 e 08 de junho, aconteceu o 12º Colóquio sobre Engenharia Florestal. O evento é realizado anualmente na sede do Instituto Florestal (IF), na capital paulista, e tem como objetivo apresentar a instituição a estudantes da área e contribuir com sua formação. O destaque desta edição foi a mesa redonda que debateu equidade de gênero.
O evento foi coordenado pelo diretor geral do IF Luis Alberto Bucci e pela professora da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp) de Botucatu Renata Cristina Batista Fonseca. Participaram mais de 30 alunxs de graduação.
No Parque Estadual Alberto Löfgren, xs estudantes visitaram diversas áreas da instituição, como laboratórios de pesquisa, viveiro de mudas e o Museu Florestal Octávio Vecchi. Também realizaram uma ida a campo no Núcleo Pedra Grande do Parque Estadual da Cantareira para reconhecimento da cobertura vegetal.
Além das atividades práticas e visitas técnicas, xs alunxs assistiram à palestra sobre a evolução das tipologias de áreas protegidas no Brasil e à mesa redonda sobre equidade de gênero, que abordou os desafios e oportunidades no setor florestal.
Debatendo gênero no setor florestal
Neste ano, o Colóquio teve como inovação a mesa redonda “Equidade de Gênero: desafios e oportunidades no setor florestal”.
Adriana Oliva, que trabalhou no IF entre 1994 e 2000, falou sobre equidade de gênero na graduação e pós-graduação, bem como no Ministério Público Federal, onde trabalha atualmente. Apontou alguns mecanismos que contribuem para a equidade, como os concursos e a própria natureza do trabalho. Entretanto, afirmou que esta não é a realidade em outras instituições, como as polícias, por exemplo.
Alcinéa Guimarães, gestora do Viveiro Florestal de Taubaté, área protegida do Instituto Florestal, destacou o fato de que o IF só teve uma diretora geral mulher, entre os 37 que assumiram o posto desde 1886, quando surgia o embrião da instituição com a Comissão Geográfica e Geológica da Província de São Paulo.
Bárbara Junqueira dos Santos, que tem pós graduação em Direitos Humanos pela Universidade de São Paulo e atua com gestão e recuperação ambiental, contou que era moradora do Jacanã na infância e o Parque Estadual Alberto Löfgren era sua referência de lazer. Apresentou os desafios as mulheres têm que enfrentar ao longo de suas carreiras, como o assédio, salários mais baixos, interrupções de fala, entre outros. Única mulher negra presente no auditório, defendeu políticas públicas afirmativas. “A diversidade é tão importante quanto o gênero”, defendeu.
A professora da Unesp de Botucatu Renata Cristina Batista Fonseca fechou a mesa apresentando os desafios em conciliar carreira e maternidade. Contou como sua mãe, química que teve que abandonar a carreira, teve quatro filhas, todas formadas em engenharia florestal. Para Renata, ainda falta acolhimento. Ela mencionou que alguns professores não aceitam a presença de alunas com seus bebês na sala de aula. “Muitas vezes fico com os filhos de alunas na minha sala para que elas possam fazer as provas”, relata.
Fotos: Acervo Instituto Florestal