29/07/2020

Durante o período de isolamento social por conta da pandemia de Covid-19, o Museu Florestal “Octávio Vecchi” teve de fechar suas portas aos visitantes temporariamente. No entanto, sua equipe seguiu trabalhando tanto na conservação do acervo quanto na promoção de atividades de comunicação e educação ambiental junto a seus públicos, não deixando passar em branco datas comemorativas importantes como a 18ª Semana de Museus, promovida em maio pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), e a Semana do Meio Ambiente, em junho.

Conservação dos acervos

Entre junho e julho foi realizada manutenção do telhado do Museu e limpeza do forro.

No mês julho, iniciou-se também o trabalho de elaboração de inventário das obras e documentos do Museu e da elaboração de uma política de acervo. A empresa que está executando o serviço foi contratada com recurso de Compensação Ambiental. Seis profissionais das áreas de biblioteconomia, arquivologia e museologia estão trabalhando neste projeto.

Além disso, diariamente, desde o início da fase de isolamento social, a equipe do Museu Florestal atua em rotinas de conservação  do acervo, como operação dos desumidificadores e ventilação da salas.

Inventário do acervo do Museu Florestal

Videoconferências

O Museu Florestal promoveu duas videoconferências ao longo do período. A primeira foi uma roda de conversa, que já estava prevista para ocorrer presencialmente no espaço do Museu Florestal no período pré-pandemia como parte da programação da Semana de Museus, mas que foi adaptada à nova situação. O evento aconteceu no dia 18 de maio e teve como tema “Arte, Meio Ambiente e História” e o papel do Museu na confluência destas diferentes áreas. Os convidados para conduzir o bate-papo foram o professor Janes Jorge, do Departamento de História da Unifesp-Guarulhos, a professora Letícia Squeff, do Departamento de História da Arte da Unifesp-Guarulhos, e o doutorando do Nepam/Unicamp Felipe Zanusso. (veja como foi)

Janes Jorge e Felipe Zanusso retornaram no dia 4 de junho para palestra no Café Virtual do IF, que em comemoração à Semana do Meio Ambiente teve como tema “A origem da Festa das Árvores”. Os convidados contaram a história desta celebração no Brasil, que ocorreu pela primeira vez em 1902, no município de Araras/SP. (veja como foi)

No dia 5 de junho, foi realizado o lançamento do livro “O passado magnífico da ilustração e da pesquisa científica no Serviço Florestal do estado de São Paulo – 1942 – 1960”. A publicação resgata a história das ilustradoras botânicas do Serviço Florestal Maria Elizabeth Veiss e Betty Hettfleisch. A equipe do Museu Florestal, além de ter dado apoio à realização da videoconferência, publicou no site do Instituto Florestal uma exposição virtual com os desenhos e aquarelas das ilustradoras. A exposição também foi divulgada nas redes sociais da instituição.

Ilustração de Maria Elisabeth Weiss que integra a exposição virtual

Redes Sociais

As redes sociais do Museu Florestal foram os canais mais ativos em relação nas atividades de educação ambiental.

Uma das iniciativas promovida nas páginas de Facebook e Instagram foi a de contações de histórias com temáticas ambientais. A ideia era proporcionar aos pais e mães uma opção de entretenimento com conteúdo para passarem o isolamento social com suas crianças. As contações ou leituras são publicadas todas as quartas-feiras às 9h e até o momento já foram postados 12 vídeos, com a participação de funcionários do Museu mas também de muitos amigos voluntários.

No dia 22 de maio aconteceu a oficina virtual “Borboletas: Diversidade e Inspiração”. Como parte da comemoração da Semana de Museus e Dia Internacional da Biodiversidade, inspirada nas borboletas, a arte-educadora Antonia Oliveira Rodrigues realizou uma demonstração da técnica em pintura em cerâmica. No vídeo, também temos uma apresentação da pesquisadora científica do IF Andréa Soares Pires sobre a importância e a diversidade das espécies encontradas no Parque Estadual Morro do Diabo, localizado em Teodoro Sampaio/SP. A programação inicial previa a realização de oficina presencial no Museu Florestal “Octávio Vecchi”, aberta a todos interessados e já tínhamos dentre os inscritos, estudantes da Escola Estadual Guilherme de Almeida. A oficina seria antecedida de um bate-papo com os participantes sobre a importância ecológica das borboletas, com a participação do pesquisador científico do IF Osny Tadeu Aguiar. Apresentamos um texto preparado por ele ao final desta matéria.

A  tradicional Caminhada Histórica, realizada desde 2018 no Parque Estadual Alberto Löfgren, desta vez não pode contar com os visitantes. Mas como a data já estava marcada no calendário (6 de junho) e a equipe do Museu não queria deixar seu público assíduo só na vontade, foi realizada uma transmissão ao vivo pelo Facebook que durou 4 horas, e todos puderam acompanhar do conforto do seu lar. (veja como foi)

Em junho o Museu Florestal também lançou, em parceria com o MICA, um concurso internacional chamando crianças e jovens para demonstrar seu amor à natureza por meio de fotografias. As inscrições podem ser feitas até 15 de setembro. (confira aqui o regulamento)

Outra ação promovida nas redes sociais do Museu Florestal durante a Semana do Meio Ambiente foi o quadro “Pergunte ao cientista”. Nele, os internautas enviam suas dúvidas a respeito das diversas questões em relação à floresta, ao meio ambiente e à conservação da natureza. E a resposta é dada por algum especialista do Instituto Florestal. A iniciativa é uma forma de aproximar a pesquisa científica do dia-a-dia da pessoas.

Atividade de Educação Ambiental que coloca o público em contato com especialistas

“As borboletas sinalizam a saúde do ambiente

As borboletas desempenham um papel de suma importância nos ecossistemas, pois são indicadores de biodiversidade e qualidade ambiental. São insetos com muita diversidade e multicoloridas, tamanhos e formas diferentes.

As borboletas e mariposas são um grupo altamente diversificado com mais ou menos 250 mil espécies. As borboletas também atuam como polinizadoras, pois seu papel na natureza reflete na fonte de alimentos. As espécies de borboletas procuram pelas flores grandes e coloridas, pois estas flores possuem um plataforma de pouso boa para elas.

As borboletas, em média, vivem de duas a quatro semanas no estágio adulto, depois que saem da pupa. Mas, há algumas espécies de mariposa, não de borboleta, cuja as fêmeas adultas vivem menos de 24 horas. Elas saem do casulo, copulam, põe os seus ovos e morrem, tudo isto no espaço de um dia.

As borboletas e mariposas são animais que formam a Ordem Lepidoptera, estes seres sofrem metamorfose, ou seja, sofrem mudanças em seu corpo até se tornarem adultos. A vida de uma borboleta pode ser dividida em quatro estágios: ovos, larva, pupa ou crisálida e adultos. A borboleta fêmea no estágio adulto coloca seus ovos normalmente nas folhas de uma planta. Esta planta servira de alimento quando esses insetos nascerem. Os ovos, dependendo da espécie, demoram cerca de 5 a 15 dias para eclodir e liberar as larvas conhecidas popularmente como lagartas.

As lagartas ou larvas são dotadas de corpo alongado, cilíndrico com variadas cores e, muitas vezes, possuem pelinhos que causam alergia e queimaduras quando tocados. Nessa fase de vida alimentam-se intensamente de folhas de vegetais, causando sérios problemas em locais que apresentam plantações. Dessas folhas as lagartas retiram seus nutrientes e a água que necessitam para sobreviver. Dependendo das espécies de borboleta, a forma de lagarta dura de 1 a 8 meses aproximadamente.

No estágio de lagarta, ocorrem várias mudanças enquanto o animal cresce, geralmente cinco a oito mudanças. Após algum tempo, a lagarta se prende por um fio de seda e inicia-se a formação da crisálida. Neste estágio imóvel o animal sobrevive com a reserva nutritiva acumulada na fase de lagarta. O estágio de crisálida, dependendo da espécie, pode durar de uma a três semanas.

A fase de pupa ou crisálida é a mais delicada do ciclo da vida dos lepidópteros, pois elas não se alimentam e são imóveis, não podendo fugir nem se defender caso sejam atacadas. No estágio de pupa ocorrem mudanças profundas em toda a estrutura corporal, pois passará de fase mastigadora e sem asas para um adulto sugador e alado.

Cada borboleta ou mariposa desenvolveu seu próprio conjunto de produtos químicos para se defenderem de predadores e parasitas, encontrar parceiros e, ainda, superar as defesas químicas de sua planta hospedeira. Sem dúvida cada um desses produtos químicos tem um valor potencial e pode ser explorado economicamente.

As borboletas são muitas vezes retratadas como a essência da natureza ou como representando a liberdade, beleza ou paz. Em muitos países as borboletas são utilizadas explorando o se valor educacional, pois são usadas para ensinara crianças sobre o mundo natural por intermédio da transformação do ovo em lagarta e crisálida que é um das maravilhas da natureza.

As borboletas também são importantes na cadeia alimentar, pois são presas de pássaros, morcegos e outros animais insetívoros. Áreas ricas em borboletas e mariposas são ricas também em outros invertebrados, estes coletivamente fornecem um ampla gama de benefícios ambientais, incluindo polinização e controle natural de pragas.”

Osny Tadeu Aguiar, pesquisador científico do Instituto Florestal

 

Fotos: Acervo Museu Florestal