27/02/2020

O solo é uma das principais fontes de sobrevivência dos humanos e dos animais, provendo, por exemplo, recursos como alimento e minério. Contudo este recurso natural pode se tornar infértil quando não conservado e utilizado de maneira inadequada.

Com o objetivo de avaliar e comparar os atributos do solo, com diferentes tipos de vegetação, sob as mesmas condições climáticas durante todo o ano, pesquisadores do Instituto Florestal em parceria com alunos de Engenharia Florestal da Faculdade de Ciências Agronômicas da UNESP Botucatu averiguaram o potencial de produção agroflorestal das vegetações de gramínea, pínus, eucalipto e espécies nativas da Mata Atlântica. A pesquisa foi desenvolvida no Laboratório de Hidrologia Florestal “Engenheiro Agrônomo Walter Emmerich”, localizado no Núcleo Cunha do Parque Estadual da Serra do Mar.

Diferente de uma monocultura, isto é, uma plantação com apenas um tipo de produto agrícola, uma produção agroflorestal, ou agrofloresta, prioriza a diversidade de espécies naturais junto com a planta a ser cultivada. Garantindo, desta maneira, uma produção mais natural.

De acordo com o pesquisador científico José Luiz de Carvalho, que participou do estudo publicado na Revista do IF, este tipo de pesquisa é importante para a compreensão de diversos fenômenos, tais como a resistência do solo, capacidade de retenção de água, velocidade de infiltração, entre outros. “Estas características podem embasar diversos trabalhos técnicos, desde a produção hídrica, capacidade de carga de trilhas, até a previsão de riscos de deslizamentos de encostas”, exemplifica.

Visto como a região sudeste sofreu no inicio de 2020 com chuvas além da média esperada, enchentes e deslizamentos de terra, os dados gerados por estudos como podem contribuir para a prevenção de tragédias como esta.

A pesquisa analisou diversos atributos do solo procurando comparar com os diferentes tipos de cobertura vegetal. José Luiz destacou que “apesar de previsível, a cobertura com Mata Nativa apresentou melhores níveis de infiltração nas diferentes profundidades analisadas e, consequentemente, melhores condições de armazenamento de água no solo, contrapondo com a situação da área com cobertura de pínus, que apresentou os menores dados de infiltração”.

Ainda de acordo com o pesquisador, não existe, necessariamente, um tipo de solo melhor que outro, há sim diferentes tipos de solo. “Por isso a importância da pesquisa em física dos solos, aonde comparamos amostras de solos em condições semelhantes de formação, localização e condições climáticas e, comparamos, como no caso do trabalho em pauta, a influência das diferentes coberturas florestais, nestas características físicas”, defende José Luiz.

Mais informações: Luiza Zulian Pinheiro (luizazpinheiro@hotmail.com)

Fotos: PikWizard