04/10/2019

Em 1902, foi comemorada no município de Araras, interior paulista, a primeira Festa das Árvores realizada no Brasil. O evento reuniu cientistas, autoridades públicas, músicos e 600 crianças. A Festa foi idealizada pelo naturalista sueco Alberto Löfgren e inspirada em celebrações realizadas em outros países, como o “Arbor Day” dos Estados Unidos.

No ano de 1965, um decreto presidencial instituiu o Dia da Árvore. Devido às características climáticas do nosso país, teve sua data alterada para a última semana de março nas regiões norte e nordeste (por ser o início do período de chuvas), e para o dia 21 de setembro, entrada da primavera, nas regiões sul, sudeste e centro-oeste.

Diversas instituições realizam, anualmente, atividades para celebrar a data. Neste ano de 2019, o Instituto Florestal (IF), por meio do Museu Florestal “Octávio Vecchi” e em parceria com o Movimento Conservatio, propôs a celebração da 117ª Festa das Árvores. Não apenas propondo atividades, mas também estimulando e convidando outros órgãos e instituições a fazerem o mesmo.

Escolas, prefeituras, voluntários, entre outros, foram convidadas a realizarem ações ao longo de todo o mês de setembro, podendo oferecer atividades de acordo com suas condições: plantios, caminhadas, oficinas, rodas de conversa ou mesmo campanhas virtuais.

Um período intenso de atividades festivas do Museu Florestal
Ao longo deste mês de setembro, o Museu Florestal “Octávio Vecchi” propôs uma série de atividades junto a um público bastante diversificado, desde crianças e adolescentes até a terceira idade.

Antes que tudo começasse, foi elaborado a várias mãos um estandarte da Festa das Árvores de 2019, inspirado no da festa original, de 1902, e que acompanhou todas as atividades.

Abrindo as comemorações, no dia 17, foi realizada de manhã uma trilha monitorada no Arboreto Vila Amália, uma parte menos conhecida e visitada do Parque Estadual Alberto Löfgren, na zona norte de São Paulo/SP. A atividade foi conduzida junto aos profissionais da Coordenadoria de Parque e Parcerias (CPP) da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente  (SIMA) do Estado de São Paulo, responsável pela gestão da área. Durante o período da tarde, Sueli Almeida ofereceu aos visitantes uma oficina de fotografia de natureza no Museu Florestal. Os trabalhos da fotógrafa estão expostos no piso térreo.

Em 18 de setembro, o Movimento Infanto-Juvenil Crescendo com Arte (MICA) ofereceu no espaço do Museu uma oficina de pintura em vasos para adolescentes de idades entre 12 e 16 anos.

No dia seguinte Robinson Dias, funcionário do Museu, ofereceu uma oficina onde os visitantes puderam aprender a montar bonsais com espécies frutíferas nativas.

Na data do Dia da Árvore, 21 de setembro, aconteceram diversas atividades simultâneas apenas no entorno do Museu. Robinson ofereceu uma oficina de reciclagem de papel aos visitantes. Nanci Alves, estagiária do Museu, realizou contação de história para as crianças e apresentou jogos montados com espécies nativas, como o bilboquê feito de frutos e sementes de jequitibá e sapucaia. Também rolou troca de sementes e experiências com o grupo Semear Conhecimentos. Em um mural interativo, os participantes da Festa puderam deixar suas mensagem, percepções e desejos para o futuro em relação ao meio ambiente. Um grande destaque neste dia foi a inauguração da nova estátua do Curupira, seguida por um plantio de mudas nativas.

Domingo, dia 22, Felipe Zanusso, doutorando da Universidade de Campinas (Unicamp) que pesquisa Áreas Protegidas, realizou algumas atividades lúdicas: o varal da conservação, que conta a história ambiental de São Paulo; e o pombo-correio, que estimula as pessoas a enviarem cartões postais com temáticas ambientais e a construírem e  fortalecerem essas ideias junto a seus amigos e familiares. Naquele mesmo dia aconteceu uma apresentação musical do grupo infantil Alendígenas, que canta músicas sobre folclore e ecologia. O show teve a participação de funcionários e estagiários do IF que tocam instrumentos. Também ocorreu o plantio de uma muda de imbiruçu no Parque ao final da tarde.

No dia 25, o MICA ofereceu para a terceira idade oficina de pintura em tecido com motivos de natureza.

O encerramento da Festa das Árvores ocorreu no dia 30, com uma roda de conversa realizada em comemoração aos 88 do Museu Florestal. O historiador Dalmo Dippold Vilar, que trabalhou no IF entre as décadas e 1980 e 1990, conduziu a atividade contando sobre suas pesquisas acerca do espaço. Esteve presente Carlos Vecchi Dränger, neto de Octávio Vecchi e que elaborou o novo logotipo do Museu. E o desenho do logotipo enfeitou o bolo de aniversário. O espaço foi oficialmente inaugurado em 30 de setembro de 1931.

Concursos culturais
Outra iniciativa que teve como objetivo aproximar o público das instituições que trabalham em prol da natureza foram os concursos culturais promovidos: um de desenhos e outro de fotografias.

O concurso de desenhos foi realizado em parceria com o MICA. Foram recebidos cerca de 150 desenhos de seis escolas, uma Organização Não Governamental (ONG) e um grupo de escoteiros. Todos os trabalhos enviados estão expostos no piso térreo do Museu.

Enquanto o concurso de desenhos foi feito da forma tradicional, o de fotografias foi realizado pela internet. Os participantes foram convidados a postar suas fotos referentes à temática ambiental nas redes sociais utilizando a a hashtag #FestadasÁrvores2019. Após uma pré-seleção, foram classificadas 27 fotos publicadas no Instagram e 83 no Facebook, totalizando 110 participantes.

A Festa das Árvores por todo o Brasil
Algumas instituições do entorno do Parque Estadual Alberto Löfgren, já parceiras do Museu Florestal, aderiram às comemorações. A Escola Estadual Guilherme de Almeida tinha realizado em agosto uma atividade de educação ambiental ministrada pelo corpo técnico do Instituto Florestal que resultou na identificação das espécies plantadas em seu terreno. Neste 21 de setembro, foram confeccionadas placas para identificar cada uma destas árvores. O mesmo aconteceu na Fábrica de Cultura, que tinha adotado 13 mudas fornecidas pelo IF no ano passado.

No município de Bertioga, litoral paulista, monitores das comunidades Vila da Mata, Carvalho Pinto e Chácaras Balneário Mogiano se propuseram a realizar trilhas na Mata Atlântica e plantios de mudas. O evento aconteceu em parceria com o Parque Estadual Restinga de Bertioga e a Associação Bertioguense de Ecoturismo.

A Festa das Árvores extrapolou as divisas do estado de São Paulo. Participaram do concurso de desenhos escolas de Cuiabá, no estado do Mato Grosso, e Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul.

No estado da Bahia, algumas pessoas da comunidade de Lençóis, representadas pela bióloga e educadora Adriana Caribé Nunes Marques, se uniram à iniciativa de celebração. Foram escolhidos na cidade cinco canteiros cujas árvores morreram e plantadas novas mudas com flores ao redor. A bióloga propôs que hotéis e agências locais adotem as árvores e passem a cuidar do espaçoO objetivo é tornar o local mais agradável e bem cuidado, com árvores que tragam abrigo para a fauna local e beleza e sombra para os moradores e turistas.

O evento também chegou a Florianópolis, em Santa Catarina. O Movimento S.O.S. Moçambique realizou uma série de atividades, como plantio, caminhada, roda de conversa e doação de mudas.

A proteção da natureza deve ser constante
A equipe envolvida na Festa das Árvores registrou um número de 989 visitantes que participaram das atividades da Festa das Árvores realizadas no espaço do Museu ao longo de setembro, sendo 439 apenas nos dias 21 e 22. Mas o importante é que essas atividades não se resumam a uma data isolada no ano e que tenham continuidade, promovendo reflexões que transformem a percepção das pessoas sobre a importância das árvores.

E ano que vem tem mais…

Fotos: Acervo Instituto Florestal

Mais informações: Tel. (11) 2231-8555 / Ramal 2053 – museuflorestal@sp.gov.br