
05/07/2019
Entre os dias 31 de julho e 02 de agosto acontece o 13º Seminário de Iniciação Científica do Instituto Florestal (IF). O evento ocorre na sede da instituição, localizada no Parque Estadual Alberto Löfgren, zona norte da capital paulista. Na ocasião, estudantes de graduação orientados por técnicos e pesquisadores do Instituto apresentam os resultados de seus projetos de pesquisa. Neste ano, a palestra de abertura realizada no primeiro dia de evento será ministrada por uma ex-bolsista do Programa Institucional de Iniciação Científica (PIBIC) do IF.
De bolsista a palestrante
Entre 2010 e 2012, Natashi Pilon era aluna de iniciação científica e recebia bolsa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Orientada pela pesquisadora científica do Instituto Florestal Giselda Durigan, foi premiada por dois anos consecutivos pela melhor apresentação de projeto no 5º e no 6º Seminário de Iniciação Científica do IF.
A bióloga seguiu pesquisando o Cerrado e a restauração ecológica sob orientação de Giselda. Na Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho” (Unesp) concluiu a graduação e na Universidade de Campinas (Unicamp), onde se tornou mestre, atualmente faz doutorado em Ecologia.
Ao longo destes anos, participou de diversas pesquisas junto ao corpo-técnico do Instituto Florestal e em áreas sob gestão da instituição. Neste processo, teve co-autoria em diversas publicações, como o livro “Plantas Pequenas do Cerrado: Biodiversidade Neglicenciada”, publicação de 2018 que contém 577 espécies ilustradas do bioma, e um artigo científico publicado em 2017 na Revista do Instituto Florestal que mostra a importância de um pequeno fragmento de Cerrado para a proteção de espécies ameaçadas de extinção (ambas noticiadas aqui no site do IF).
No próximo dia 31, Natashi apresentará a palestra “Desafios para a conservação e restauração do cerrado e a importância da iniciação científica na carreira acadêmica” no auditório da sede Instituto Florestal.
A democratização do conhecimento para o fortalecimento da ciência e da proteção ao meio ambiente
A escolha de uma ex-aluna do Programa de Iniciação Científica do Instituto Florestal para a palestra de abertura do evento visa fortalecer o vínculo dos bolsistas com a instituição e com sua área de atuação que mescla conservação da natureza e pesquisa. A ideia é que Natashi compartilhe tanto sua trajetória acadêmica quanto o conhecimento científico trabalhado neste período. Conversando com a palestrante, ela deu alguns spoilers de sua apresentação.
“O Cerrado ganhou maior destaque nos últimos anos, tanto no âmbito da conservação quanto no desenvolvimento de pesquisas, ” relata. Ela dá como exemplo de um grande avanço, resultante das últimas décadas de pesquisas, a conscientização de que o fogo é um importante componente para a preservação do bioma. “Atualmente, extensas áreas de Cerrado no país estão sendo submetidas ao manejo integrado do fogo, protegendo a diversidade e evitando incêndios de grande intensidade”, explica a bióloga.
Ela alerta, no entanto, que ainda há grandes desafios para a ciência no que diz respeito ao desenvolvimento de técnicas e protocolos para restauração de área degradas de Cerrado, à erradicação de espécies exóticas e ao manejo para a conservação da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos.
“Apesar do conhecimento científico acerca do Cerrado ter avançado consideravelmente, é necessário que a informação chegue à sociedade através de programas eficazes de educação ambiental e divulgação científica”, argumenta a pesquisadora. Para ela, a única maneira de garantir a conservação do bioma é mostrar à população o quanto ele é importante.
Como sua atuação sempre foi no interior do estado, será a primeira vez que a palestrante volta à sede do IF desde sua última premiação no Seminário há sete anos. Sua expectativa é que a apresentação seja uma ótima oportunidade para a troca de conhecimento.
Natashi espera mostrar aos estudantes de iniciação científica o quanto esta etapa pode ser importante na construção do perfil profissional e motivar os alunos a não desistam da ciência caso seja sua verdadeira vocação. “Já tivemos momentos difíceis para ciência no Brasil no passado e ela sobreviveu graças a núcleos de pesquisa que continuaram a produzir mesmo diante da crise. Se estamos em tempos de desvalorização da pesquisa científica e das questões ambientais, é hora de trabalhar mais intensamente para mostrar que um país sem ciência não sobrevive e que um desenvolvimento econômico sólido só é possível se aliado com a preservação dos recursos naturais”, conclui a doutoranda.
Clique aqui para mais informações sobre o evento.
Foto: Natashi em fragmento de Cerrado no Parque Estadual dos Pirineus, em Goiás – Acervo pessoal