17/05/2019

Nos dias 14 e 15 de maio, pesquisadores do Instituto Florestal (IF) lotados no Parque Estadual do Morro do Diabo (PEMD), gerenciado pela Fundação Florestal, receberam e acompanharam o professor Alex Bager, da Universidade Federal de Lavras.

Bager é o idealizador do Centro Brasileiro de Ecologia de Estradas e coordenador do projeto de pesquisa aplicada denominado ‘Urubu na Estrada‘. Ele está coletando dados e informações para seu pós-doutorado, que abordará as ações levadas a termo para mitigar os impactos ambientais causados pelas rodovias à fauna brasileira. Para cumprir com este objetivo, licenciou-se por um ano das funções acadêmicas e está viajando Brasil adentro visitando dezenas de unidades de conservação que possuem estas ameaças à biodiversidade e à vida humana e conhecendo as experiências de gestão para diminuir esses problemas.

Segundo Helder Henrique de Faria, pesquisador do IF que atua e possui projeto e trabalhos publicados sobre o tema, a construção de estradas é um mecanismo de fragmentação da paisagem de alto impacto, embora sejam concebidas com significância econômica e social como corredores de transporte e utilidades. Para o pesquisador, a visita do Professor Alex Bager é uma oportunidade para a troca de experiências e fundamental para que ele tenha contato direto com o que já conhece através de artigos científicos e conversas virtuais ao longo do tempo.

No PEMD o monitoramento efetuado por 10 anos contabilizou 182 indivíduos mortos por atropelamento. Das espécies identificadas 16% eram ameaçadas de extinção. Tendo por base os 182 animais encontrados no período, pesquisador em visita ao Parque realizou uma estimativa através de análise de dados não paramétricos concluindo que este número poderia alcançar a assustadora cifra de até 993 indivíduos em 10 anos, uma média de 100 por ano.

Estes dados reforçaram uma Ação Civil Pública (MPE-GAEMA-PP 1.519/2000) que exigiu ao DER cumprir algumas medidas de mitigação, que foram implementadas a partir de 2008: _Instalação de 4 redutores eletrônicos de velocidade (radares) nos pontos com maiores índices de atropelamentos e consenso para a velocidade máxima de 70Km/h no trecho inserido no PEMD; _instalação de comunicação visual chamando a atenção dos motoristas para o problema; _manutenção dos aceiros corta fogo às margens da rodovia e das 8 passagens subterrâneas no trecho. Além disso, foram instalados portais nas extremidades do trecho, sinalizando mais fortemente a existência do parque para os usuários.

Faria e Bager, este uma das maiores autoridades científicas no Brasil sobre o assunto, identificaram virtuosidades e problemas no PEMD, seja nas passagens subterrâneas e na comunicação visual, seja nas altas velocidades exercidas pelos usuários nos trechos entre os 4 conjuntos de radares. Na atualidade o ideal seria a instalação de radares ‘inteligentes’, que monitoram a velocidade média entre as extremidades do trecho; passagens subterrâneas de maiores dimensões deveriam ser avaliadas quanto à sua eficiência e os investimentos em cercas direcionadoras nas passagens de menor dimensão, dutos de 50 cm de diâmetro, são ineficazes e podem ser direcionados a outras estratégias.

O trabalho de Bager resultará no maior diagnóstico desta natureza produzido no Brasil e um livro será publicado trazendo a experiência acumulada na busca de soluções para esta grande ameaça à fauna e à vida humana.

Para saber mais sobre o projeto ‘Urubu na Estrada‘ acesse https://empreendedor-academico.com.br/viagem/expedicao-urubu-na-estrada/

Fotos: Acervo Instituto Florestal