12/04/2019

No dia 05 de abril, o Instituto Florestal (IF) promoveu palestra do engenheiro agrônomo mexicano Benjamín Ortiz Espejel sobre História Ambiental.

A apresentação “Patrimônio e Interdisciplinariedade: a construção de novas práticas” faz parte de uma iniciativa que visa articular e e promover o intercâmbio de ideias , metodologias e aportes teóricos entre pesquisadores que vêm desenvolvendo sua atividades em diferentes lugares, contribuindo para um esforço em rede na construção de uma sociedade ecologicamente mais justa.

A palestra foi realizada pelo Museu Florestal Octávio Vecchi em parceria com o Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais da Universidade Estadual de Campinas (Nepam/Unicamp) e o Grupo de Trabalho (GT) de História Ambiental da seção paulista da Associação Nacional de História (Anpuh/SP). O evento contou com a presença do professor Janes Jorge, especialista em História Ambiental e docente da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e da professora Aline Vieira de Carvalho, pesquisadora e docente do Nepam.

O encontro aconteceu no Museu Florestal, que está localizado no Parque Estadual Alberto Löfgren, zona norte de São Paulo, e teve a participação de cerca de 30 pessoas.

Ressignificando o desenvolvimento sustentável

José Jonas de Almeira, Doutor em História Econômica e coordenador do GT de História Ambiental da Anpuh/SP, realizou a apresentação de abertura da palestra. O pesquisador explicou que um dos objetivos do trabalho de Benjamín é a ressignificação do termo sustentabilidade através das iniciativas das comunidades locais. O termo “desenvolvimento sustentável” ganhou notoriedade à época da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (ECO-92). Entretanto, durante sua palestra, Benjamín afirmou que se tornou um jargão polissêmico, sendo utilizado até mesmo por mineradoras ou indústrias de refrigerante.

A partir da concepção de que não há separação entre natureza e sociedade, Benjamín propõe que seja dado um passo adiante em relação à interdisciplinariedade levando em conta a interculturalidade. Entendendo a transdisciplinaridade como este passo mais adiante, o professor apresentou o conceito de Biocultura, onde natureza e desenvolvimento caminham juntos.

“Somos a parte da natureza que fala, que pensa, que sonha”,  disse Benjamín.

Deste modo,  o pesquisador defende a ressignificação da sustentabilidade à luz das práticas cotidianas dos povos tradicionais e indígenas.

Benjamín apresentou projetos alternativos resultantes de uma longa luta de resistência social por parte das populações indígenas, dos camponeses e de setores marginalizados no contexto mexicano. Contou ainda que os grupos de pesquisa aos quais está vinculado estão propondo políticas públicas em Biocultura para o Plano Nacional de Desenvolvimento do México.

Neste contexto, o engenheiro agrônomo contestou ainda os modelos de conservação que têm como foco a transferência de áreas naturais para a gestão da iniciativa privada. “As reservas protegidas pelas comunidades locais são as mais bem cuidadas”, afirmou Benjamín, dando o exemplo da região de Michoacán.

Ao final da palestra, foi aberto espaço para perguntas e debate. O pesquisador foi questionado se seria possível transpor a experiência mexicana com Biocultura para o contexto brasileiro.

“Creio que no Brasil existe um processo histórico biocultural que deve ser visualizado e promovido”, respondeu o professor.

 

Benjamín é professor da Universidad Iberoamericana de Puebla, no México. Formou-se engenheiro agrônomo pela Universidad Autónoma Metropolitana Xochimilco (UAMX). É Professor visitante do Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais da Universidade Estadual de Campinas (Nepam/Unicamp), associado ao programa Leadership for Enviroment and Development (LEAD), fundador da Red de Etnoecologia y Patrimonio Biocultural de Mexico do Conselho Nacional de Ciência & Tecnologia do México (CONACyT) e coordenador do Instituto de Investigaciones sobre Desarollo Sustenable y Equidad Social (IIDSES/IBERO).

 

Saiba Mais: http://histormundi.blogspot.com/2019/04/professor-benjamin-ortiz-espejel-no.html

Fotos: Acervo Instituto Florestal

Mais informações: Tel. (11) 2231-8555 / Ramal 2053