
30/10/2017
No dia 27 de outubro o Instituto Florestal (IF) realizou reunião com representantes do Serviço Florestal Brasileiro (SFB), que vieram apresentar o Inventário Florestal Nacional (IFN) e as atividades previstas para o estado de São Paulo. O encontro aconteceu na sede do IF, na capital paulista.
O SFB é vinculado ao Ministério do Meio Ambiente e veio representado pelo diretor de pesquisas e informações florestais Jorberto Veloso de Freitas, e por Luciano Barbosa de Lima, da área de Cooperação Internacional e Acordos. Foram recebidos pela diretoria do IF e pesquisadores de diferentes áreas da instituição, com destaque para a Seção de Manejo e Inventário Florestal.
“A adesão de São Paulo ao Inventário Florestal Nacional é extremamente importante, visto seu papel de vanguarda não só nas atividades econômicas como também nas de conservação ambiental”, defende o pesquisador científico do IF Marco Aurélio Nalon.
O Serviço Florestal Brasileiro foi criado em 2006 e uma de suas atribuições é fazer a gestão de florestas públicas. Jorberto informou que o SFB possui 1 milhão de hectares sobre concessão, e que o recurso obtido retorna à instituição através do Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal.
O levantamento de dados para o Inventário Florestal Nacional é realizado tanto por territórios (por exemplo um Estado) quanto por biomas. Durante a reunião, o representante do SFB anunciou que atualmente há recursos para efetuar o levantamento apenas para o Cerrado. Em relação à Mata Atlântica, já foi realizado o levantamento para todo o Brasil, exceto Minas Gerais e São Paulo.
Metodologia
“O sistema de amostragem do IFN consiste de pontos amostrais com uma distribuição segundo uma grade nacional estabelecida pelo Serviço Florestal Brasileiro”, informa o site do SFB. A grade consiste em pontos equidistantes em 20 km. O adensamento pode ser necessário para aplicações especiais visando à representatividade das diferentes fitofisionomias. Uma área correspondente a 172 milhões de hectares já foi inventariada.
“A rede de amostragem para São Paulo é composta basicamente por 263 pontos no bioma cerrado e 450 pontos no bioma mata atlântica”, explica Nalon.
O levantamento do inventário é feito em campo, não somente sensoriamento remoto. Para isso é realizada a contratação de equipes terceirizadas e é realizado um treinamento de 10 dias. Já foram treinadas 350 pessoas.
Antes de iniciar os trabalhos técnicos nos pontos amostrais, a equipe visita a rádio local e dá uma entrevista sobre o assunto. Muitas vezes o ponto está dentro de uma propriedade privada e a visita dos técnicos pode causar resistência do proprietário.
No trabalho de campo, além da obtenção dos dados biofísicos (medição de árvores, coleta de material botânico e amostra de solos, etc.), é levado em consideração o componente socioambiental. A equipe visita quatro domicílios em um raio de 2 km do entorno do ponto amostral e realiza entrevistas com um morador sobre a importância da floresta no entorno. No questionário (de cunho qualitativo), são perguntados sobre os produtos da floresta, serviços ambientais, entre outros.
“Floresta hoje não é só madeira e abastecer a indústria. Está na vida das pessoas”, afirma Joberto.
Resultados e perspectivas
Durante a reunião no IF, foram apresentados alguns resultados deste trabalho, como a ampliação do conhecimento sobre a flora à partir das espécies botânicas coletadas (45 mil coletas e 2000 espécies identificadas até o momento), o estabelecimento de parceria com 20 herbários, mensuração de estoques de madeira, biomassa e carbono, entre outros. Já foram aplicados 13 mil questionários até o momento.
As equipes alimentam uma página de Facebook diariamente mantendo atualizadas as informações sobre o andamento dos trabalhos.
As informações produzidas pelo Inventário Florestal Nacional poderão ser usadas em âmbito nacional e subnacional, pelo governo e setor privado. O objetivo é torná-lo referência em informações sobre florestas e que os dados levantados possam subsidiar políticas públicas e programas de pesquisa.
“Este trabalho pode fornecer informações estratégicas para o planejamento e políticas ambientais, além de aumentar o conhecimento científico sobre nossa flora, principalmente amostrando regiões onde há lacunas de conhecimento no estado”, assegura o pesquisador do IF.
Espera-se melhorar substancialmente a informação sobre as florestas do país no contexto das convenções e acordos internacionais que tratam sobre o tema.
“O Instituto Florestal pode ser a instituição focal do Inventário Florestal Nacional, contando com seu corpo técnico distribuído pelas suas unidades no interior do estado, com o Herbário Dom Bento José Pickel e o projeto Inventário Florestal do Estado de São Paulo”, conclui Nalon.
Fotos: Acervo Instituto Florestal
Mais informações: Pesquisador científico Marco Aurélio Nalon – Tel. (11) 2231-8555 / Ramal 2082