14/10/2016

O  Cerrado preserva elevada riqueza de espécies endêmicas da flora e da fauna. Proporciona ainda a proteção das nascentes de 8 das 12 regiões hidrográficas do Brasil. Entretanto, o bioma tem sido mal compreendido e negligenciado nas políticas de conservação e ações de restauração.

Nos dias 29 e 30 de setembro, aconteceu o Workshop sobre Uso e Conservação do Cerrado. O evento foi realizado no Campus de Ilha Solteira da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp) e teve como objetivo apresentar resultados de pesquisas conduzidas em área de domínio do bioma. Foram apresentados resultados de trabalhos desenvolvidos no cerrado e que envolvem solo, uso agrícola, sustentabilidade, flora e fauna nativa, microbiologia, bioprospecção e políticas de recuperação. As discussões buscaram promover o entendimento das condições ambientais delimitadoras do desenvolvimento da vegetação e assim criar condições para novas estratégias de manejo.

No primeiro dia de evento a Dra. Giselda Durigan, pesquisadora científica do Instituto Florestal, participou da mesa redonda sobre caracterização, conservação e recuperação do cerrado. Em sua apresentação “Conservação do Cerrado: importância, estado atual e desafios”, mostrou que o bioma é condicionado por interações complexas entre fatores ambientais relacionados com a geologia, o clima e o solo e mantido por um regime histórico de distúrbios (fogo e herbivoria), que é característico das savanas em todo o mundo.

De acordo com a pesquisadora, pouco se sabe sobre onde estão os remanescentes de vegetação campestre nativa, sobre as espécies não arbóreas (gramíneas, ervas, subarbustos, arbustos), bem como sobre a biodiversidade e os serviços ambientais da vegetação não florestal. Giselda falou também sobre a dificuldade da aceitação na necessidade do fogo no manejo. “Se essas limitações não forem superadas, dificilmente poderemos contribuir para políticas de conservação do mosaico de fisionomias que caracteriza o Cerrado, essencial para a conservação de sua enorme biodiversidade e de seus mais importantes serviços ecossistêmicos”, afirma.

A pesquisadora traça os principais desafios para a conservação do bioma: o fim do desmatamento, a criação de unidades de conservação, a viabilização do manejo com fogo e  de práticas de exploração sustentável. Giselda reforça ainda a necessidade do fomento a pesquisas sobre o Cerrado, especialmente fisionomias campestres e vegetação herbácea.

O segundo dia de evento coincidiu com a criação do Mosaico Jalapão pelo Ministério do Meio Ambiente, que soma mais de 3 milhões de hectares de áreas protegidas de Cerrado. Esse é o terceiro Mosaico no bioma e passa a ser a maior porção de Cerrado protegida por lei, com nove unidades de conservação localizadas entre os estados da Bahia, do Maranhão, do Piauí e de Tocantins.

Foto: Giselda Durigan

Mais informações: Pesquisadora científica Giselda Durigan – Laboratório de Ecologia e Hidrologia Florestal – Floresta Estadual de Assis – Tel. (18) 3325‐1045 , (18) 3321‐3571/1066/2425/7363/7362