
26/08/2016
O Instituto Florestal (IF), em sua missão de proteger e conservar a biodiversidade das áreas naturais do Estado de São Paulo, consolida ao longo dos anos, sua vocação de laboratório vivo.
A gestão dos projetos de pesquisa nas unidades de conservação e áreas protegidas do Estado de São Paulo é feita pela Comissão Técnico-Científica (COTEC) do IF. Dessa forma, a instituição é responsável pelas pesquisas que possam ocorrer em mais de 4 milhões de hectares, distribuídos por mais de 180 áreas. Os procedimentos para a realização desses projetos é regulamentado por normas. E não é só pesquisa da casa que passa pela COTEC, mas também de órgãos e instituições externos. O Instituto recebe projetos de pesquisas de universidades públicas e privadas, instituições de pesquisas e organizações não governamentais, entre outras.
Os projetos começaram a ser cadastrados na COTEC em 1988. Quantitativamente, as atividades de pesquisa aumentaram consideravelmente a partir de 1997. Até o final do ano passado, 3026 projetos de pesquisas estavam em diferentes fases de execução. Em 2015 foi registrado o número recorde de 221 projetos no mesmo ano.
As principais instituições que cadastraram projetos em 2015 foram as grandes universidades públicas de São Paulo. Instituto Geológico e Instituto de Botânica também submeteram novos projetos. Além disso, foram cadastrados muitos projetos de instituições particulares. Esses novos projetos têm potencial de integração de pesquisadores e gestores de unidades, aumentando o conhecimento sobre as áreas e a traduzindo as pesquisas em ações de manejo que contribuem com a conservação. Por isso, o IF e a Fundação Florestal estimulam e recebem pesquisadores que queiram realizar seus estudos nas áreas geridas pelas instituições.
Pesquisas nas unidades do IF
O Instituto Florestal possui diversas pesquisas em suas unidades do interior paulista, na qual há uma relação importante entre a área, o corpo-técnico ali lotado, e a comunidade do entorno.
Nas unidades de Assis (Floresta Estadual e Estação Ecológica) têm bastante destaque as pesquisas voltadas ao reflorestamento e recuperação da mata ciliar, sendo que os pesquisadores ali locados são referências internacionais quando se trata do bioma Cerrado. Inclusive, os cientistas do Instituto Florestal Antônio Carlos Galvão de Melo e Giselda Durigan contribuíram dando respaldo científico à Resolução SMA 32/2014, que estabeleceu novas regras para a restauração ecológica no Estado.
O IF possui atualmente 18 Estações Experimentais sob sua gestão, que são áreas de uso múltiplo e destinadas à realização de programas e atividades de pesquisa, dispondo de importantes áreas e coleções de espécies florestais nativas e exóticas. São unidades compostas por uma diversidade de solos que abrangem áreas com vegetação nativa e áreas com plantio de Pinus e Eucalyptus, cujo manejo é importante fonte de produtos florestais (madeira para processo, celulose e papel, resina e sementes florestais melhoradas).Na Floresta Estadual de Manduri foi desenvolvida a tecnologia para a construção de casas de madeira. A Floresta detém uma área de 1.485 hectares, dos quais 1.035 são de reflorestamento de espécies exóticas e 450 de mata nativa. A tecnologia e as pesquisas realizadas em silvicultura e de processamento de madeira pela unidade, criada em 1962, implementaram o crescimento das industrias relacionadas à madeira. Enquanto o município de Manduri na década de 1980 abrigava apenas 4 serrarias com 40 empregados, com a montagem da serraria de serra de fita geminada, em 2000 foi observado que o município contava com 12 serrarias gerando 372 empregos diretos. O Centro de Estudos para Pesquisas em Florestas de Produção e Áreas Protegidas das unidades de Angatuba (Floresta e Estação Ecológica) é um exemplo de construção sustentável formado por módulos de casas de madeira padrão IF, na qual foram empregados cerca de 63,6 m³ de madeira de reflorestamento de Pinus processada em Manduri.
A resinagem é outro produto de origem florestal. A resina é extraída dos Pinus e comercializada com a industria de destilação de onde é produzido o breu e a terebintina, é utilizada pela indústria de tintas, solventes e outros produtos, inclusive o da goma de mascar. A Estação Experimental de Itapetininga sempre foi forte na produção de pesquisas nesse campo. O pesquisador aposentado, Hideyo Aoki conta que À época que era gestor das unidades de Avaré (Floresta e Estação Ecológica) organizou cinco encontros regionais de goma-resina em Avaré, com apresentações de trabalhos realizados tanto pelo corpo técnico da casa quanto por outros especialistas.
O município de Luiz Antônio tem uma das maiores reservas de mata nativa do Estado de São Paulo. Lá está localizada uma Estação Experimental que tem por objetivo a pesquisa, a produção e a conservação de várias espécies florestais, incluindo nativas e exóticas. Além disso, a equipe de pesquisas trabalha para o melhoramento genético de várias espécies. O pesquisador científico Miguel Luiz Menezes Freitas conta que o IF trabalha em conjunto com várias instituições do Brasil para a condução e pesquisa de populações-base e testes de procedências e progênies. “A população base é um banco de germoplasma onde mantemos conservado o material que poderemos encontrar em áreas naturais. Guardamos o máximo possível a biodiversidade da flora nativa e algumas exóticas, como Pinus e Eucalyptus, para as futuras gerações”. A unidade é muito procurada por universidades e trabalha em parceria com a prefeitura local. “Oferecemos apoio logístico aos universitários que, em contrapartida, produzem, todos os anos, centenas de monografias, dissertações de mestrados e teses de doutorado”, explica Freitas.
No Núcleo Cunha do Parque Estadual da Serra do Mar Cunha, área sob gestão da Fundação Florestal, está o Laboratório de Hidrologia Florestal Engº Agrº Walter Emmerich. O Laboratório foi implantado em 1979 por meio de convênio do IF com o Governo do Japão, por intermédio da Japan International Cooperation Agency (JICA). O objetivo do espaço possibilitar o estudo da relação das florestas com a água, o que torna este espaço imprescindível para solucionarmos questões atuais referentes aos recursos hídricos e abastecimento urbano. O Laboratório conta com mais de uma centena de estudos realizados e com publicações apresentadas tanto no Brasil como no exterior.
Essas são apenas algumas das centenas de unidades do Sistema Estadual de Florestal de Florestas (SIEFLOR), que contribuem para promover a qualidade de vida da população paulista e o desenvolvimento do Estado.
Imagens: Acervo IF
Mais informações: Comissão Técnico-Científica do Instituto Florestal – Tel. 2231-8555/Ramal 2071 – cotec@if.sp.gov.br