
14/07/2016
No dia 07 de junho, aconteceu a 4ª edição do evento Diálogos de Educação Ambiental, promovido pela Coordenadoria de Educação Ambiental (CEA) da Secretaria do Meio Ambiente. Como o tema foi “A educação ambiental na gestão socioambiental em áreas protegidas”, o encontro aconteceu na sede do Instituto Florestal, em São Paulo. Mais de 120 pessoas estiveram presentes.
A mesa de abertura do evento foi composta por Edgar Fernando de Luca, diretor geral do Instituto Florestal; Paulo Santos de Almeida, diretor executivo da Fundação Florestal (FF); Gilson Ferreira, da coordenador da CEA; e Naiana Lanza Landucci, representando Sergio Luis Marçon, da Coordenadoria de Fiscalização Ambiental (CFA).
Edgar deu as boas vindas aos participantes fazendo um breve resgate histórico da Educação Ambiental na história da instituição. Começou com as iniciativas de Alberto Löfgren para a criação do dia da árvore, ainda no início do século XX, passando pela inserção da educação ambiental como linha de pesquisa na Comissão Permanente do Regime de Tempo Integral (CPRTI), na década de 1980. Entre as iniciativas mais recentes, o diretor geral do IF elogiou ainda o bem sucedido Educatrilha, projeto premiado pelo Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Condema) de Piracicaba e que já está sendo replicado nos municípios de Luís Antônio e São José do Rio Preto. Também citou o respaldo legal que a educação ambiental tem em documentos como a Constituição Federal de 1988 e o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC).
Gilson Ferreira comentou a importância do trabalho próximo ao IF e Paulo Almeida comemorou a realização do 1ª evento conjunto com o Instituto em sua gestão. “Apesar de ter ocorrido um afastamento entre a FF e o Instituto, estamos em um momento de reaproximação”, reforça Paulo.
Dado início aos trabalhos, Rodrigo Machado e Beatriz Truffi Alves da CFA apresentaram a publicação Contribuição dos Conselhos Gestores à Proteção das Unidades de Conservação: um guia prático para atuação a partir da fiscalização ambiental preventiva. Ela foi elaborada pela CFA com o apoio da CEA, IF e FF. Segundo os autores, “A publicação tem subsidiado reflexões, debates e ações no campo da gestão pública do meio ambiente, da educação ambiental e, especialmente, da fiscalização como uma das estratégias de proteção ambiental”. Em seguida, Adriana Neves, da Fundação Florestal, falou sobre educação ambiental em áreas protegidas do Estado.
A pesquisadora do Instituto Florestal Helena Dutra Lutgens, apresentou a evolução histórica e as mudanças nas tendências das demandas de uso público em áreas protegidas. Helena ressaltou que as atividades de uso público incluem recreação, turismo, interpretação da natureza, relações públicas, formação e, inclusive, educação ambiental. Contou que no princípio as ações restringiam-se à organização de eventos, desenvolvendo-se para a realização de trilhas e em um terceiro momento o trabalho junto a professores. Mais tarde seria organizado grupo de pesquisa sobre o tema. Helena contou ainda que as áreas protegidas tem recebido novas demandas, como por exemplo a prática de esoprtes radicais, e que para atendê-las, é necessário levar em conta diversos fatores, como a proximidade da zona urbana, dificuldades financeiras e necessidades de monitores e vigilância. “Algumas unidades tem como principal potencial o uso público”, afirmou.
Troca de experiências
O ponto alto do evento foi a palestra do convidado especial Paulo Russo, coordenador geral de Gestão Socioambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Russo é bacharel em geografia e mestre em geografia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e atuou como professor em instituições de ensino superior. Atuou também como pesquisador associado do grupo de pesquisa “Ações de Educação Ambiental”, da Universidade Federal do Amapá.
Em sua palestra, contou sua experiência de 13 anos na região amazônica, principalmente, em ações de educação ambiental. Detalhou seu trabalho de articulação institucional e comunitária no Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque. Compartilhou também aspectos relevantes de sua experiência com as diferentes ações e atividades do ICMBio para criar, implementar e gerir as unidades de conservação e os centros de pesquisa e conservação federais de forma integrada com a sociedade no contexto nacional, estadual e regional. “Para falar de educação com quem sente fome, é necessário uma estratégia conjunta com outras políticas públicas”, defendeu.
Russo mostrou que o SNUC assegura e exige a participação ativa das populações locais na gestão das áreas protegidas. Para ele, o plano de manejo é um material bruto enquanto mecanismo pedagógico. Reforçou que o conhecimento de gestão de um território trata-se da sinergia entre conhecimento científico e saber tradicional, e por isso a comunicação é tão importante. “Na gestão, o conflito se dá com pessoas”, afirmou.
No período da tarde, Paulo Russo coordenou oficina onde os participantes se reuniram em grupos para planejar propostas de intervenção educativa a partir de cenário hipotético sobre a gestão de uma unidade de conservação e seus conflitos. Ao final, foi realizada uma feira de troca de experiências para que todos debatessem os pontos comuns entre as diferentes propostas dos grupos e identificassem os itens que tivessem caráter inovador.
Fotos: Acervo IF