
11/11/2015
O Herbário Dom Bento José Pickel (SPSF) do Instituto Florestal ultrapassou, neste mês de novembro, 50.000 exsicatas ou espécimens no seu acervo. Exsicatas são amostras de plantas prensadas, secas e fixadas em cartolina de tamanho padrão, contendo etiqueta ou rótulo com informações sobre a espécie e o local de coleta. São utilizadas para fins de estudo botânico. A equipe do Herbário desenvolve estudos florísticos, taxonômicos, ecológicos e presta serviços de identificação ao público em geral, especialmente para graduandos e pós-graduandos e, ainda orienta estagiários de nível médio e superior.
O acervo conta com pouco mais de 7.100 espécies, 300 famílias e 1.750 gêneros, a maioria do Estado de São Paulo (87%), Paraná (4,7%) e Minas Gerais (3%). Pouco mais de 10% do total dos espécimens do acervo são georreferenciados. Os typus somam 49 materiais: oito Holótipos, 17 Isótipos e 24 Parátipos. Typus é o espécime conservado em coleção, do qual se fez uma primeira descrição original em latim, chamada diagnose (amostra considerada padrão para referência).
A representatividade maior da coleção SPSF é em Spermatophyta (plantas produtoras de sementes) do Estado de São Paulo, em geral oriundas das Florestas Ombrófilas Densa e Mista, Floresta Estacional Semidecidual e Cerrado lato sensu. As maiores famílias representadas no acervo são: Myrtaceae, Lauraceae, Fabaceae, Asteraceae, Melastomataceae, Rubiaceae, Solanaceae e Euphorbiaceae. O acervo ocupa uma área de 220 m² (coleção – 144 m², curadoria, sala de herborização, salas de pesquisadores e técnicos – 76 m²).
O Herbário SPSF abriga uma das melhores coleções de exsicatas das principais Unidades de Conservação do Sistema Estadual de Florestas (SIEFLOR) da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo o que o credenciou em 1994 a ser uma das coleções de referência do Projeto Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo e, em 2004 do Projeto Catálogo das Plantas e Fungos do Brasil. Nesse mesmo ano passou a fazer parte da rede SpeciesLink do Centro de Referência em Informação Ambiental (CRIA). Em 2006 o Herbário foi credenciado como Instituição Fiel Depositária de Amostras de Componentes do Patrimônio Genético conforme Deliberação do Conselho de Gestão do Patrimônio Genético nº 159, de 28 de setembro de 2006. Sexto maior do Estado de São Paulo, o Herbário está totalmente informatizado e usa um banco de dados, o SpeciesBase em plataforma Microsoft Access, disponibilizado pelo CRIA. O banco encontra-se disponível para consulta online gratuita, através do INCT-Herbário Virtual da Flora e dos Fungos do Brasil e Reflora. Nos próximos meses terá início a digitalização das exsicatas iniciando pelos typus nomenclaturais. O Herbário mantém um ativo intercâmbio com outros acervos oficiais, como empréstimos, permutas e doações e presta ajuda inestimável na identificação de plantas.
Os dados de biodiversidade do Herbário SPSF estão disponíveis ainda, gratuitamente, no Global Biodiversity Information Facility desde maio de 2015 e, muito brevemente, também no portal do Sistema de Informação sobre Biodiversidade Brasileira (SIBBr).
História
O Herbário Dom Bento José Pickel tem sua origem no antigo Serviço Florestal do Estado de São Paulo. Idealizado por Alberto Löfgren, o Serviço Florestal foi criado em 1911, com vistas à conservação, manejo, conhecimento e à exploração metódica das florestas paulistas. Após essa data teve início uma modesta coleção de exsicatas junto à Seção de Introdução de Essências do então Serviço Florestal, pelo engenheiro silvicultor Mansueto Koscinski. Em 1942 é contratado o biologista Dom Bento José Pickel, monge beneditino, que divide a responsabilidade da condução do acervo com Mansueto Koscinski. Em 1951 Dom Bento é nomeado chefe do Museu Florestal Octavio Vecchi, outro setor do Serviço Florestal, para onde leva o acervo botânico e bibliográfico. Se aposentou em 1960, legando uma coleção de 5.515 amostras. Após aposentadoria de Dom Bento o Herbário esteve inativo nos 16 anos seguintes. Nesse ínterim o Serviço Florestal dera origem, em 1970, ao atual Instituto Florestal. Em 1976, o biólogo João Batista Baitello, recém contratado, solicita a seus superiores a transferência do acervo botânico e bibliográfico do Museu para a Divisão de Dasonomia, Seção de Madeiras e Produtos Florestais, assumindo a curadoria do acervo. De 1992 até agosto de 2012 a Curadoria foi exercida pelo pesquisador científico, biólogo João Aurélio Pastore. Em 2012, Baitello reassume a Curadoria do Herbário juntamente com o pesquisador Osny Tadeu de Aguiar na vice-curadoria.
Fotos: Acervo Serviço de Comunicações Técnicos-Científicas
Mais informações: Pesquisador Científico Dr. João Batista Baitello, Divisão de Dasonomia, Fone: (11) 2231-8555/Ramal 2072