
25/06/2015
O bugio-preto (Alouatta caraya) é uma espécie de primata da família Atelidae que habita florestas tropicais e savanas do sudoeste e centro do Brasil, nordeste da Argentina, leste da Bolívia e do Paraguai e, provavelmente, do extremo noroeste do Uruguai. O macho adulto é preto, enquanto que as fêmeas e os juvenis são castanho-amarelados, apresentando dimorfismo sexual bem evidente quer seja pela diferença de coloração quanto pelo tamanho, sendo os machos maiores. É a espécie do gênero que possui maior área de distribuição geográfica, sendo típico dos biomas do Pantanal e Cerrado, mas também é encontrado em áreas de floresta estacional semidecidual e até nos pampas gaúchos.
Possui uma ampla distribuição geográfica e ocorrência em muitas unidades de conservação do Brasil, Paraguai, Argentina e Bolívia, mas as populações estão decaindo.
O bugio preto compõe a lista de espécies ameaçadas de extinção do estado de São Paulo (e quase ameaçada na Lista do ICMBio). Seu habitat vem diminuindo por causa da destruição de florestas. No estado de São Paulo está restrito a pequenos fragmentos de cerrado e floresta estacional semidecidual. Na Floresta de Bebedouro, ocorre um grupo de pelo menos oito indivíduos de bugios–pretos que costumam frequentar áreas adjacentes à sede da unidade, passando pela copa das árvores, alimentando-se frequentemente das folhas de tamarindo e de outras árvores.
A Floresta de Bebedouro é, portanto, um reduto importante para a preservação desta espécie. Inclusive, é comum observar fêmeas carregando filhotes anualmente sobre as costas, sinal de que a área oferece as condições necessárias para a reprodução e sobrevivência do grupo. Os bugios são animais com uma dieta frugívora/folívora, o que permite a tolerância em fragmentos pequenos de mata.
Pouco ativo, passa a maior parte do dia se alimentando e em repouso. Além de ótimos dispersores de sementes, possuem grande importância em programas de saúde pública, sendo considerados sentinelas ou anjos da guarda no que diz respeito a detecção da circulação do vírus da febre amarela. Vivem em grupos de sete indivíduos em média, podendo chegar a até 20 indivíduos. O grupo é liderado por uma macha alfa, chamado de capelão, o qual é responsável pela segurança do grupo, principalmente nas raras vezes em que descem ao chão. As fêmeas desempenham um papel importante no cuidado com a prole, protegendo, além do seu próprio filhote, os de outras fêmeas.
No começo da manhã, os bugios costumam emitir sons (roncos) para comunicação, localização, delimitação de território e acasalamento. As fêmeas possuem um período de gestação de 10 a 12 meses, com o nascimento de apenas um indivíduo por cria. O filhote nasce em média com 250g. O cuidado parental para amamentação e transporte com os filhotes dura cerca de um ano. O tempo médio de vida de um bugio é de 20 anos.
A Floresta de Bebedouro oferece excelente potencial para pesquisas sobre ecologia, comportamento e conservação desta ameaçada e importante espécie de primata do noroeste paulista.
Texto: Fabiano Botta Tonissi, Alessandra Pinheiro, Marcio Port Carvalho e Alexander Zamorano Antunes
Fotos: Michelangelo Stamato
Mais informações: Alessandra Pinheiro e Fabiano Tonissi – Floresta Estadual de Bebedouro – Tel.: (17) 3342-2890 / 3343-5900