
23/04/2015
Recentemente foi realizado um laudo técnico em uma das antigas figueiras da Floresta Estadual de Avaré. Conforme é possível observar na foto, ela se encontra seca e será submetida ao corte, tendo em vista que coloca em risco a segurança dos visitantes e usuários da unidade. O laudo técnico foi encaminhado à Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) para avaliação e autorização de corte. Segue abaixo o laudo emitido pelo Pesquisador Científico do Instituto Florestal Roque Cielo Filho, em vistoria no local.
Resultado da vistoria:
Durante a vistoria foi constatado que um dos indivíduos de figueira (de número 3 no croqui) está morto e apresenta forte infestação por fungos saprofíticos no tronco e nos galhos (Fotografias 2, 3 e 4). Essa infestação atinge também as raízes o que é evidenciado pelos corpos de frutificação (cogumelos) emergindo das porções expostas do sistema radicular que é fasciculado. A copa desse exemplar não apresenta tecido fotossinteticamente ativo (Fotografia 1). Nota-se que as extremidades da copa apresentam sinais de podridão e fragilidade mecânica. Funcionários da FEA-I relataram a queda de galhos sobre a trilha que margeia o lago. Foram feitas duas incisões na base do tronco que revelaram necrose dos tecidos vasculares. O indivíduo de número 2 no croqui apresenta claros sinais de morbidez com a quase totalidade de sua copa desprovida de folhas, embora sem infestação fúngica. O indivíduo de número 3 no croqui apresenta-se em estado vegetativo aparentemente normal com alguns sinais de clorose. Não foi possível diagnosticar a causa da morte da figueira. É sabido que espécies do gênero Ficus são sensíveis a pragas como os insetos lacerdinha ou tripes Gynaikothrips ficorum (Marchal) (Thysanoptera: Phlaeothripidae) (Silva et al. 2006) e mosca-branca-dos-fícus Singhiella simplex (Hemiptera: Aleyrodidae) (Amaral et al. 2013). Ninfas desta última espécie de praga foram encontradas em algumas folhas da árvore de número 2, mas o nível de infestação não pareceu ser muito levado. Segundo Amaral et al. (2013), ao sugarem a seiva da planta as ninfas e adultos da mosca-branca podem inocular substâncias tóxicas nas folhas, provocando clorose e queda. Essa espécie também pode ser vetor de vírus fitopatogênico prejudicando ainda mais a planta. Os sintomas observados são compatíveis com infestação por mosca-branca: desfolhamento e ramos apicais secos (Amaral et al. 2013). Esta praga foi apontada como a principal responsável pela mortalidade em massa de indivíduos de F. microcarpa da arborização urbana de Belo Horizonte recentemente (Amaral et al. 2013). Aqueles autores sugeriram, dentre as medidas de manejo e controle da praga, a aplicação de solução de óleo de nim e de adubo silicatado, bem como irrigação.
Foto: Acervo F.E. Avaré
Mais informações: Paulo Henrique dos Santos – Programa de Uso Público da Floresta Estadual de Avaré – Tel.: (14) 3732-0290