20/02/2013

Distante 247 quilômetros de São Paulo, a pacata Luiz Antônio tem uma das maiores reservas de mata nativa do Estado de São Paulo. Lá está localizada a Estação Experimental Luiz Antônio, Unidade Experimental do Instituto Florestal. Antônio Carlos Scatena Zanatto, pesquisador científico e responsável pela estação, salienta que a área oferece mais de 10 mil hectares de cerrado e Mata Atlântica, incluindo a Estação Ecológica do Jataí. Zanatto explica que a estação tem por objetivo a pesquisa, a produção e a conservação de várias espécies florestais, incluindo nativas e exóticas. Além disso, a equipe de pesquisas trabalha para o melhoramento genético de várias espécies.

Com o nome de Fazenda Jataí, a área era propriedade da Companhia Mogiana de Estrada de Ferro. Em 1959 passou às mãos do instituto. Em 1982, foram desmembrados 4,5 mil hectares onde foi criada a Estação Ecológica do Jataí. Em 2002, a área foi ampliada para 9 mil hectares e a Estação Experimental ficou com 1.725 hectares.

Miguel Freitas, diretor do Instituto Florestal, informa que o instituto trabalha em conjunto com várias instituições do Brasil para a condução e pesquisa de populações-base e testes de procedências e progênies. “A população base é um banco de germoplasma onde mantemos conservado o material que poderemos encontrar em áreas naturais. Guardamos o máximo possível a biodiversidade da flora nativa e algumas exóticas, como o caso do Pinus e Eucalyptus, para as futuras gerações”.

 

Fiscalização 24 horas

A Estação, mais procurada por universidades,  trabalha em parceria com a prefeitura local e diversas universidades federais e estaduais. “Oferecemos apoio logístico aos universitários que, em contrapartida, produzem, todos os anos, centenas de monografias, dissertações de mestrados e teses de doutorado”, explica Freitas.

Na Reserva de Jataí, nascem vários córregos, que, além de alimentar a fauna, contribuem para embelezar a floresta. Os dois principais mananciais da reserva são os córregos Beija-Flor e do Cafundó. A reserva é banhada pelas águas do Rio Mogi-Guaçu e abriga diversas lagoas naturais, a principal é a do Porto. Há ainda uma grande represa artificial, utilizada em pesquisas por causa dos variados tipos de animais e peixes. No local, vigiado 24 horas por fiscais do Estado, o acesso é proibido, e, consequentemente, a caça e a pesca também.

O Instituto Florestal vem pesquisando a introdução de espécies florestais desde 1962. O Programa de Melhoramento Genético Florestal foi formalizado em 12 de abril de 1978, com a finalidade de definir prioridades para o melhoramento genético, estabelecer áreas de atuação e implantação de sementes, bancos clonais, testes de progênies, áreas de produção de sementes, testes de procedência e outras atividades referentes ao Melhoramento Florestal das espécies de interesse atual ou potencial.
A partir de 1987, com as primeiras prioridades atendidas, o programa passou a ter outros objetivos como a obtenção de sementes melhoradas a curto prazo para atendimento da demanda interna. “Isso evita a importação de material do qual não se pode ter controle, permite a exploração da variabilidade genética do material existente e a obtenção de ganhos genéticos que propiciem aumento contínuo da produtividade”, explica Freitas.

 

Nativas e exóticas

O programa compõe-se de dois subprogramas: Essências Nativas e Essências Exóticas, ambos baseados em coleta de sementes de áreas naturais para compor o Banco Ativo de Germoplasma. O trabalho do programa com espécies nativas tem como objetivo a conservação de espécies, cujo número de indivíduos em populações naturais vem sendo reduzido, tendo como consequência o estreitamento da sua base genética. Foram instalados ensaios diversos com 30 espécies consideradas prioritárias. Entre elas: o ipê-amarelo, o jatobá, o jequitibá-rosa e o timburi.

A propagação vegetativa constitui instrumento imprescindível para o subprograma de Essências Exóticas, objetivando a conservação e o melhoramento genético, bem como a formação de bancos e pomares clonais. “A propagação vegetativa de essências arbóreas tem sido empregada para fixar genótipos selecionados, reuni-los em local adequado que possibilite a recombinação e produção de
sementes geneticamente melhoradas, assim como para conservação de espécies em extin-
ção e para formação de florestas clonais, mais uniformes e de alta qualidade para as características desejadas”, explica Zanatto.

A escolha do método de multiplicação vegetativa está associada à base genética do material em estudo, aos aspectos fisiológicos da espécie, à meta a ser atingida e às condições climáticas do local de operação. Neste subprograma constam as atividades e a experimentação sobre melhoramento genético e propagação vegetativa em espécies exóticas, em especial o  Pinus e Eucalyptus. Atualmente, desenvolvem-se estudos sobre 45 espécies ou variedades, das quais 14 são do gênero  Pinus, 23 do gênero Eucalyptus e 8 de outros gêneros.

 

Texto: Maria Lúcia Zanelli – Agência Imprensa Oficial
Fotos: Genivaldo Carvalho
Fonte: Diário Oficial do Estado de São Paulo de 19 de fevereiro de 2013
Mais informações: Pesquisador Científico Miguel Luiz Menezes Freitas. F: (11) 2231-8555