
12/07/2018
Reflorestamentos têm sido implantados desde o século XIX, no Brasil, para diferentes objetivos, como a proteção de mananciais, estabilização de encostas, recuperação de habitat para fauna, entre outros, mas há alguns anos, especificamente a partir dos anos 80, a preocupação com a reparação de danos, provocados pelo homem aos ecossistemas, ficou evidenciada e trabalhos de restauração de vegetação foram intensificados. A limitação de conhecimentos aplicados e específicos para a restauração de florestas tropicais, a escassez de profissionais capacitados e a rápida demanda pela restauração, entre outros fatores, levaram a uma infinidade de trabalhos mal sucedidos e a poucos resultados mais favoráveis. Contudo, estes trabalhos, apesar de terem trazido muitos prejuízos econômicos e até ecológicos, principalmente pelo uso inadequado de espécies exóticas invasoras, apontaram não apenas caminhos para que as ações de restauração ecológica atingissem um nível aceitável de sustentabilidade, como o uso de elevada diversidade de espécies nativas e regionais, mas também indicaram importantes condições para que, através de políticas públicas (resoluções orientativas), fossem viabilizadas técnicas, ferramentas e produtos para ampliação na oferta de sementes e mudas florestais, com alta diversidade específica, o que tem sido indispensável para viabilização destas políticas no estado de São Paulo. Desde então, diversas correntes de pensamentos têm se consolidado, em geral propiciando uma significativa mudança na orientação de programas de restauração de áreas degradadas, em especial para áreas de preservação permanente (APPs) e reservas legais (RLs), tendo-se em consideração as mudanças do novo código florestal brasileiro. Erros e acertos têm sido observados no processo de consolidação da restauração ecológica/ recuperação de áreas degradadas e a conservação da biodiversidade, associados aos processos autossustentáveis, envolvendo para isto a ampliação de aprendizados garantidos e consolidados por um processo participativo, como o realizado pelo Instituto de Botânica em eventos científicos. A pesquisa apresentada neste projeto, como um todo, teve o caráter de aplicação direta dos principais resultados aqui obtidos. Este fator certamente dará credibilidade às ações desenvolvidas pelo Instituto de Botânica que, através de uma coordenação (CERAD), apresenta uma equipe multidisciplinar, como exigido num projeto desta natureza, na busca de soluções respaldadas na ciência, para dilemas encontrados no processo de restauração ecológica e conservação da biodiversidade. Além disso, as pesquisas têm possibilitado testar teorias ecológicas, monitorar áreas em processo de restauração e áreas diretamente afetadas por grandes obras, como o Rodoanel Mário Covas em São Paulo, além de aprimorar técnicas de restauração complementares às já existentes, proporcionando novos conhecimentos e debates sobre o tema. O registro histórico a se destacar é o trabalho desenvolvido na International Paper do Brasil, em Mogi- Guaçu, SP, que foi a primeira área no estado de São Paulo a ser recomposta atendendo as orientações técnicas estabelecidas pela Resolução SMA 21/01 (atualizada pela SMA 32/2014), e já apresenta alta diversidade florística e importante suporte alimentar para a fauna local. Muitos resultados importantes foram obtidos durante os processos investigativos na área, tendo sido produzidos e publicados diversos artigos científicos, dissertações e teses. Os resultados desta pesquisa, além de serem incorporados ao banco de dados do CERAD, são disseminados por meio de publicações, dissertações, teses, eventos científicos e nos órgãos de capacitação, extensão, licenciamento e fiscalização ambiental, em um processo contínuo de gestão do conhecimento obtido com as pesquisas e as experiências na área de ciências ambientais, privilegiando o desenvolvimento sustentável, a restauração ecológica e a conservação da biodiversidade. As pesquisas consolidadas neste projeto, associadas aos eventos científicos na área de restauração ecológica, promovidos pelo Instituto de Botânica, têm colocado a instituição como referência mundial nesta área, além de propiciar políticas públicas para o setor e indicar ferramentas e informações fundamentais para a área.