
02/05/2016
Projeto do Instituto de Botânica avaliou os impactos das mudanças climáticas globais em espécies nativas brasileiras analisando aspectos ecofisiológicos da relação carbono – nitrogênio
Desde o início da revolução industrial, a concentração atmosférica de gás carbônico ([CO2]atm) de cerca de 270 ppm, tem se elevado em uma taxa acelerada, atingindo hoje concentração 42% maior do que naquele período (383 ppm). Se as emissões não forem minimizadas, as previsões indicam que ela poderá atingir cerca de 550 ppm em 2050 e cerca de 700 ppm ao final do século. O entendimento de como as plantas respondem a elevação da CO2 deverá nos ajudar a compreender como elas estão respondendo atualmente, como podem ter se adaptado as elevações que já ocorreram e também como poderão responder e talvez se adaptarem a futuros aumentos.
Os efeitos da elevação da [CO2]atm sobre a fisiologia das plantas tem sido objeto de muitas pesquisas e revisões nos últimos 20 anos. Ao nível fisiológico, a fotossíntese C3 e a condutância estomática têm sido consideradas como especialmente responsivas ao aumento instantâneo na [CO2]atm. O aumento do conteúdo de açucares é a alteração mais pronunciada em folhas de plantas submetidas ao alto CO2. Há também evidências de regulação cruzada entre a sinalização de açúcar e muitos outros compostos, tal como o nitrato. Entretanto, não é claro qual a relevância destas interações na regulação da fotossíntese, dado que tanto deficiência em nitrogênio e estresse hídrico diminuem a capacidade da planta utilizar fotossintatos. Um conceito importante é que a aclimatação fotossintética é resultado de um decréscimo no conteúdo de nitrogênio foliar, podendo ser reflexo de um menor investimento em proteínas foliares sob elevado CO2.
O principal objetivo do estudo realizado sob supervisão do pesquisador Marcos P. M. Aidar foi a caracterização ecofisiológica dos metabolismos de carbono e nitrogênio e as estratégias envolvidas na estocagem, remobilização, aquisição e transporte do nitrogênio nas diferentes fases da germinação e estabelecimento das plântulas de espécies de diferentes grupos funcionais, crescidas em atmosfera enriquecida com gás carbônico e sob diferentes disponibilidades de nitrogênio.
De modo geral, foi observado que todas as plantas nativas submetidas à elevada concentração atmosférica de CO2 responderam com aumento de crescimento, resultado devido principalmente ao aumento da atividade fotossintética decorrente da diminuição da fotorrespiração.